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O estouro da boiada

O Brasil arde em chamas que já se sabe decorrentes, majoritariamente, da ação humana. Nos últimos dias, têm aparecido as evidências de que não tem origem natural o processo de desertificação de que os incêndios florestais podem ser apenas o passo inicial. Salvo para a pequena parte da população a cuja voracidade pouco importa o sacrifício imposto à maioria da população, é necessário reprimir com vigor a ação criminosa dos neros contemporâneos. Num certo sentido, a destruição das florestas, a seca dos rios, a poluição causada pela mineração são a tradução real do lema proclamado no fatídico e vergonhoso dia da infâmia nacional, como deveria ser chamada a data da triste e tragicamente memorável reunião de 22 de abril de 2019, no Palácio do Planalto. Naquela reunião, presidida pelo então chefe do Poder Executivo, anunciada por importante auxiliar dessa autoridade iniciava-se a passagem da boiada. A nação passou a temer o crescente combate aos legítimos interesses e direitos da maioria dos cidadãos, resistente em incluir-se no rebanho dócil e subserviente liderado pelo próprio Presidente da República. Depois daquela vergonhosa e ameaçadora reunião, tivemos período marcado por práticas obedientes ao lema ali proclamado. Mais grave, quando o governo atual parece acomodado, ajustando-se à conduta malsã do que há de pior na política brasileira. Por isso, fez-se refém do Presidente da Câmara dos Deputados e não consegue romper os grilhões que o fazem seguidor da politica econômica neoliberal herdada de outras administrações. A boiada passa, tangida por pastores agressivos e vorazes. Quase ninguém leva em conta a ameaça feita por pecuaristas do Pará, quando incomodados pela ação repressiva de autoridades federais do meio ambiente. Destruidores da floresta, dedicados ao enriquecimento baseado na prática de atos delituosos e influentes na saúde das pessoas, prometeram responder à atuação do aparelho oficial do estado brasileiro com - mais uma vez - fogo. Só que pouparam os revólveres e outras das armas por eles tão cultivadas e usadas, dando preferência ao fogo ateado na vegetação. Paupérrimos de argumentos, apelam para a única força capaz de submeter os fracos e ignorantes - a violência física, o uso de artefatos destruidores, porque esse é seu mais acalentado propósito e o meio exclusivo de resolver os problemas por eles mesmos criados. O mercado e o lucro assim o pedem.

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