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Numerado

Pouca dúvida gera a numeração dada pelos justiceiros da Bahia. Invasão zero é como os fazendeiros, pistoleiros e policiais chamaram o ato de terrorismo rural por eles praticado contra indígenas instalados em área ocupadas por sua gente, desde tempos imemoriais. Podem-se esperar, portanto, ações semelhantes, sobretudo por estarmos diante de exemplo inegável do grau de submissão a que chegou o aparelho policial baiano, em relação aos interesses privados. A invasão das terras dos Pataxó é apenas outro exemplo a ser incluído na trágica história de extermínio, uma espécie que os norte-americanos conhecem bem e a têm contado, mundo afora. Esse é, literalmente, filme já visto. Nem faltou, no passado e longe daqui, o apoio das forças constituídas pelo Estado à ação criminosa dos justiceiros. Que o ex-capitão excluído e premiado pelas forças armadas brasileiras louve, estimule, promova e apoie a justiça pelas próprias mãos, nada há de incompreensível. Não é o caráter delituoso mais importante que as razões dessa prática. A Bahia, porém, é governada por um petista. Por isso, não houvesse tantas outras razões de caráter humanitário e civilizatório, seria compreensível que fazendeiros e pistoleiros se unissem para invadir terras indígenas e assassinar os que as ocupam, enquanto não se conclui a demarcação do respectivo território. Eldorado dos Carajás, Tumbiara e outras áreas tradicionalmente ocupadas apenas estão se repetindo. Na forma como se sabe que ocorre toda repetição histórica. Simples farsa, desta vez agravada com a participação direta de forças supostamente constituídas, armadas e pagas pelo cidadão, ansioso por paz e trabalho. O zero que numera a trágica, desumana e inaceitável operação expressa o desejo de repeti-la. De quem se pode esperar a resistência, se agentes públicos ombreiam-se à súcia que feriu e matou indígenas em território objeto de processo de demarcação?

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