Nossos ares, nossos males - pesares
- Professor Seráfico
- 15 de out. de 2023
- 2 min de leitura
Fosse a maioria dos cientistas dada à gritaria própria dos que não têm bons e sólidos argumentos, poucos deles seriam poupados de grave e desagradável rouquidão. Felizmente, não é o caso. Se não ficam roucos, porém, é muito mais grave o incômodo que os agride, como resultado do negativismo que desqualifica seus esforços e menospreza sua contribuição. Foi assim durante a pandemia, não é diferente agora, diante da crise climática que também coloca Manaus e o Amazonas no centro das atenções. Durante muito tempo, as descobertas, a que só o conhecimento científico e a sabedoria ancestral levam, foram desprezadas. Geraram, inclusive, conclusões oportunistas e sem fundamento explícito e comprovado. Uma delas, a de que o parque industrial instalado na capital dá expressiva contribuição à preservação da floresta. Propositalmente ou não, os problemas causados diretamente pelo antes chamado modelo foram postos de lado como se não existissem ou fossem de pequena monta. A propaganda estimulou a migração no sentido rural-urbano, fenômeno registrado desde a Revolução Industrial, e gerou problemas para os migrantes e os governantes. Sendo que os segundos, em geral, deram de costas para os primeiros, pois divergentes os interesses de uns e outros. O que a Ciência dizia - e diz - do ambiente social, jamais foi levado na devida conta. Daí o estrago que uma chuva de dimensão amazônica pode causar, como o tem feito, nas áreas periféricas da cidade. O mesmo acontece quando o suposto interesse dos governantes e outras lideranças pela preservação da floresta é desmentido pelo fumacê que cobre a capital amazonense. Também neste caso não têm sido poucas, nem infundadas, as advertências dos profissionais e produtores de conhecimento científico. O desdém governamental, aderente aos interesses predatórios não se faz esperar. Depois, como se tem testemunhado, defensores das políticas que produziram o trágico cenário se desdizem sem o menor constrangimento. Buscam confundir-se com os resistentes e dar a impressão de compromisso anterior com as teses que a própria natureza e a sociedade (porque criteriosamente estudadas) com sua força inexorável sabem dar. Muitos, em mais um exercício de oprobriosa hipocrisia, reduzindo sua culpa a um mero pedido de desculpas. Ontem, saudavam com efusão e salamaleques os que abririam as porteiras; hoje, arriscam mostrar sentimentos e convicções em nada condizentes com seus verdadeiros anseios. Mesmo que os pretendam alcançar pelo favor recebido, o estipêndio creditado, a gratificação corruptora. Dia pode vir em que novamente voltarão ao velho aprisco. E de novo sua mente malabarista os fará desmentir tudo quanto mais recentemente têm dito.
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