Talvez o ditador Ernesto Geisel tenha sido o mais lúcido dos governantes autoritários brasileiros. Pelo menos no que diz respeito às relações internacionais. Admitindo a tortura, desde que necessária (como se afirma ter ele dito assim, sem qualquer desmentido até agora), foi ele mesmo quem indicou a base que deve sustentar a relação entre a nações - os interesses. Uma visão própria do nacionalista que mais o possa ser. Algo que o processo de globalização pretende erradicar da face da Terra. Por enquanto, mera pretensão, como o dizem as agressões de caráter racista registradas com frequência quase incompreensível em vários países. Sobretudo naqueles que se auto convenceram de ter alcançado alto nível civilizatório. À época de Geisel, vivia-se no clima de guerra fria, justificando políticas que se diziam protetoras das nações e das populações, em especial pela cobiça manifesta dos pretensos donos do Mundo. Os mais fracos, geral e simploriamente chamados subdesenvolvidos, tratavam de ajustar-se à guerra fria, com isso comprometendo os interesses escondidos no conceito de nacionalismo. O desprezo pelas fronteiras de que o tráfego trêfego e voraz dos capitais se faz portador, pôs a perder o nacionalismo, muito em razão da subserviência de lideranças orientadas por interesses em nada coincidentes com os da população dos países dominados. Em grande medida, a cumplicidade dessas lideranças atribuiu à nação interesses que só aos próprios líderes e seus respectivos grupos beneficia. Hoje, pensar o Mundo como ele era antes da queda do muro de Berlim e suas consequências equivale a um imperdoável retrocesso. Vai-se chegando à conclusão de que a monopolarização apenas piora a convivência humana. Onde quer que haja um descendente do chimpanzé.
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