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Erro mais que mero equívoco

Erra o triPresidente Lula. Ao desmentir que o ex-capitão excluído das forças armadas e depois tornado inelegível está sendo perseguido, Luís Inácio Lula da Silva comete enorme erro. Talvez o mais grave de tantos quantos tem cometido nos últimos meses. Ou por que veja em seus comentários potencial capaz de levar o energúmeno à desorientação total da qual sempre ele está tão próximo, ou seja lá por que outra razão assim o aconselhe, Lula incide em flagrante impropriedade. Sua reconhecida sabedoria política, todavia, leva a admitir que Luís Inácio sabe das coisas e prefere dizê-las como as diz, ou prevê as vantagens políticas e eleitorais, ao dizê-lo. O fato real é que o ex-Presidente está realmente sendo perseguido. Só que sua perseguição corresponde àquilo que o ordenamento jurídico brasileiro chama persecução legal. Não se trata, pois, de perseguição, mas de persecução. Mesmo sem diploma de bacharel em Direito, Lula sabe disso. Também não são políticos os motivos por que o ex-capitão excluído das forças armadas é alvo das operações policiais e judiciais em curso. Como todo cidadão, também a ele se aplicam as leis, penais inclusive. Logo ele, que passou quatro anos ocupando o mais alto posto do Executivo nacional e emporcalhando os lugares em que pôs os pés - sejam os Palácios da Alvorada e do Planalto, seja uma calçada em Nova Iorque! Perseguição política sofreram os que tiveram sua intimidade e sua vida privada invadidas por órgãos públicos, graças à ação nefasta e criminosa das organizações instaladas sob a coordenação e decisões do inelegível. Se os alvos do aparente paralelismo de Estado eram perseguidos, não o é o responsável pela infringência de diversos dispositivos legais, da Constituição às normas do Direito Penal. Mas não apenas elas, eis que no rol de atos delinquentes promovidos a partir do Palácio do Planalto pode-se encontrar material suficiente para assentar eficaz e abundante currículo de um curso de Direito. Não é preciso, sequer, cometer alguma ofensa ao ordenamento jurídico, para promover a persecução ora em curso. Basta seguir o devido processo legal (sem os riscos de ver tudo posto a perder, como a hipócrita Operação Lava Jato nos ensina), para ver no horizonte o dia em que os maiores marginais do País serão postos atrás das grades. Sem os riscos da imperiosa anulação, que só aproveita aos que desejam criar o caos e no caldo de cultura por ele instalado, destruir o Estado Democrático de Direito. Uma determinação igualmente constitucional.

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