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ENNIO CANDOTTI (1942-2023)


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José Alcimar de Oliveira*


Neste 06 de dezembro de 2023 a Amazônia e a Ciência, notadamente a Ciência que se faz parceira e em defesa da Amazônia, perdem um dos seus mais generosos pensadores, o professor e pesquisador Ennio Candotti. Ítalo-brasileiro que se fez caboclo da Amazônia, físico de formação e reconhecido, no Brasil e no exterior, como intelectual orgânico que pensava e trabalhava a Ciência como fator de emancipação social e de humanização, o professor e pesquisador Ennio Candotti escolheu a Amazônia de Manaus como espaço estratégico de interlocução científica e social da Hileia com o mundo. Pensou a Amazônia nesses tempos sombrios, de colapso ambiental, sitiada e agredida pelo capitalismo de catástrofe, submetida ao predatório e ecocida neoextrativismo do lucro a qualquer custo e acima da vida. Criador e Diretor do Museu da Amazônia (MUSA), Ennio Candotti foi um tipo de Isaac Newton dessa imensidão verde, aquática, biodiversa e Pátria-Mãe de milenares povos originários. A Filosofia Natural (Física) de Newton se fez Física Ambiental e Filosofia da Ciência em Candotti. O trabalho de Ennio Candotti, no Brasil e na Amazônia, se notabilizou por aquilo que Gaston Bachelard denominava de Formação do Espírito Científico, título de obra epistemológica publicada em 1938. À Ciência como estética da inteligência em Bachelard, Candotti, de forma pedagógica, crítica e militante, imprimiu uma enraizada política científica como guardiã epistêmica dos destinos do ser natural e social da Amazônia. O maior reconhecimento que podemos prestar ao humanismo científico de Ennio Candotti é seguir espraiando sobre o mundo da Amazônia as sementes fecundas e libertárias de sua epistemologia militante e ambiental. Ennio Candotti, companheiro e parceiro da Amazônia, Presente!

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*José Alcimar de Oliveira, professor do Departamento de Filosofia da Universidade Federal do Amazonas.

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