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Desiguais desejáveis

Ignoro se já foi dada a devida atenção ao período em que o discreto engenheiro Itamar Franco presidiu o Brasil. Sei de poucos, se sei de algum, trabalho acadêmico, livro ou não que destaque a passagem do político mineiro pelo Palácio do Planalto. Sua tarefa não era fácil, levando-se em conta as circunstâncias em que chegou ao primeiro posto da República. Saíamos de tortuoso processo de impeachment, do qual resultou a interrupção do mandato de Fernando Collor de Mello, apresentado como caçador de marajás. Marajás sendo os servidores públicos jamais remunerados à altura de seus merecimentos, como se insiste em manter sendo. Os super ou arquimarajás, esses que sejam deixados na placidez de suas prebendas, favores, privilégios, rachadinhas e comissionamentos, como se deu de dizer nos tempos de CPI da covid-19. Menos, ainda, se sabe que Itamar Franco fingia não ver o que se passava à sua volta, quando governou o Brasil. Não bastava ser seu amigo e suposto colaborador. A denúncia lhe chegava, era quase certo que o auxiliar era posto em quarentena, fora do cargo a que se relacionaria a irregularidade cometida. Não sai da lembrança dos brasileiros realmente interessados em pôr o País nos trilhos o episódio que envolveu um tal Henrique Heargraves, do primeiro escalão da Presidência. Ministro-Chefe da Casa Civil da Presidência, foi afastado pelo superior, para que as investigações fossem feitas. Ao final, Heargraves voltou ao posto, sem Itamar ter trocado um só dos servidores, nem tivesse designado propostos para confundir e desorganizar o processo investigatório. Mas Itamar Franco, como diz a jornalista Daniela Pinheiro, na revista Piauí, recebeu-a à porta da sala, dizendo: " Me chame de Itamar e de você. Não sou mais Presidente, não sou senador, não sou ministro". Algo substancialmente diferente do que se vê hoje, política e moralmente considerando. Homens assim estão acima do cargo que ocupam; a vida pública e os cargos ocupados é que se enriquecem com sua presença. A outros, o cargo é que traz a riqueza. Em todos os sentidos, porque também é miserável a condição humana (?) de que são dotados.

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