A vigilância da direita
- Professor Seráfico

- há 3 dias
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Antes do AI-2, que extinguiu os antigos partidos políticos, havia muito menos siglas partidárias que hoje. Quatros deles eram os mais influentes, em torno do qual giravam os partidos menores, sem que essas relações chegassem à imoralidade hoje reinante. Nenhum deles transformava sua condição de nanico em partido de aluguel. As maiores bancadas eram as do PSD - Partido Social Democrático, o PTB - Partido Trabalhista Brasileiro, o PSP - Partido Social Progressista e a UDN - União
Democrática Nacional. A grande liderança do PTB era o fazendeiro gaúcho Getúlio Vargas, sob cujo estímulo foi fundado o PSD, que reunia a aristocracia rural. Entregue ao genro de Vargas, Amaral Peixoto, esse partido se prestava a apoiar o governo do pai de Alzira Vargas, considerada uma espécie de eminência parda do líder trabalhista. A liderança e direção do PSP cabia a Ademar de Barros, o paulista a quem se vincula a expressão rouba, mas faz. A UDN, integrada por profissionais liberais e representantes dos setores mais escolarizados e urbanos, tinha como mantra a expressão o preço da democracia é a eterna vigilância. Era grande o número de bacharéis em Direito e advogados entre os filiados à UDN. Esse partido fazia severa e permanente oposição a Getúlio e seus aliados sob o abrigo do PSD. Destacavam-se na UDN, Carlos Frederico Werneck de Lacerda, Afonso Arinos de Melo Franco, Aliomar Baleeiro, Bilac Pinto, Bonifácio de Andrada, dentre outros. O espalhafato, a estridência e a repercussão das críticas desse grupo era tamanha, que o conjunto de suas principais lideranças ganhou o apelido de banda de música. Em geral,a UDN participou das ações antidemocráticas ocorridas naquela fase de nossa história. Não faltaram a inspiração da UDN ao golpe empresarial de 1964, nem sua adesão à derrubada de um Presidente eleito segundo as regras constitucionais vigentes desde 1946, João Marques Belchior Goulart. Saber o preço da participação da UDN na aventura golpista não é tão fácil, como não o é classificar a espécie de vigilância a que se dedica a direita brasileira. Há mais de 80 anos, diga-se a bem da verdade.

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