O deus a quem os crentes atribuem a criação do homem não pode ser o mesmo que patrocina decisões e atos lesivos à dignidade e aos direitos dos humanos. Na casa legislativa presidida por Arthur Lira ninguém se admiraria se fossem identificados representantes pelo menos suspeitos de práticas a que a PL do aborto se refere. O estupro já foi defendido, e ninguém terá esquecido isso sem alguma culpa no cartório, pelo então deputado Paulo Maluf. Também não causará surpresa que familiares de algumas daquelas excelentíssimas pessoas já se tenham submetido ao aborto, mesmo fora dos limites legais. Quem tem condições de subsidiar o estabelecimento de regras que envolvem a saúde pública e prevenir males e sofrimentos à população - essas pessoas serão aquelas que têm conhecimento vindo da melhor e mais adequada fonte ligada ao caso. Esses profissionais são os médicos, pelo que se observa alheios às discussões (escassas, aliás) sobre a ignóbil PL. Pode-se admitir a tranquila convivência entre pontos de vista diferentes, quanto ao uso do próprio corpo, inclusive por motivos religiosos. Não se pode, porém, culpabilizar a vítima de um estupro e o médico que tratou de preservar-lhe a vida e a dignidade, ao praticar ato médico protegido pela lei. Fazê-lo, como o pretende a PL em tramitação, representa enorme retrocesso social e, pior que tudo, a indicação de que rumamos em trilhas que substituirão o Estado Democrático de Direito por um estado teocrático. Só que orientado por deuses injustos, ao final denominados aiatolás. Preparem as mulheres seus véus e burcas. Logo serão obrigadas a usa-las. Quem sabe da indústria dos cosméticos virá a grande reação!?
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