Tentando esclarecer

Combinemos, se realmente desejamos ver as coisas mais claras. O debate realizado pela Bandeirantes pôs em evidência dois pontos centrais da grave crise brasileira - a corrupção e a pandemia. Embora esperada, a apresentação de propostas só eventual e superficialmente mostradas, por Lula em especial, desta vez ainda não ocorreu. Pelo menos, na extensão e com a profundidade desejadas. A pandemia, que já produziu quase 700.000 mortos, muitos deles vítimas da associação do vírus com a ação e/ou omissão oficial foi explorada pelo candidato oposicionista. A corrupção foi explorada pelo candidato à reeleição, não obstante o risco assumido pelo que alega a intenção de combatê-la. O risco, neste caso, diz respeito à já comprovada existência de rachadinhas, a sucessivos depósitos bancários em nome da atual mulher do Presidente, à propina frustrada na pretendida compra de vacinas, às transações com dinheiro vivo, e ao orçamento secreto. O candidato que prometeu extinguir a reeleição, todavia, optou por fazer do problema seu estandarte de campanha. Se é impossível a Lula ou a qualquer outra pessoa, mais poderosa que seja, trazer de volta à vida as centenas de milhares de mortos pela covid-19, não o é para seu opositor recompor forças que, pretextando combater a corrupção, rejuntam-se em busca de objetivos no mínimo suspeitos. O que se viu e ouviu no debate, assim, escancara o que antes era apenas objeto de suspeição. A presença de novo papagaio de pirata recentemente eleito senador pelo Paraná, atrás do beneficiário de sua decisão é contundente. E, além de coerente, traz alto grau de convergência. Tem a ver com a sedução de um cargo no STF. Embora tenha a ver com o propósito de ambos, tenta passar uma borracha em denúncias do próprio ex-juiz, algumas das quais relacionadas ao ocultamento de fatos caracterizados como corrupção. Assim, mesmo que o confronto entre o atual e o ex-presidente tenha registrado empate no tempo regulamentar, a prorrogação não favorece o ex-oficial que Ernesto Geisel nunca viu com bons olhos. Tudo dentro das tão faladas quatro linhas.