Tempo quente

Os comentaristas políticos são unânimes: esta será uma das semanas mais quentes deste ano de 2021 no País. Os profissionais do jornalismo não se referem à desertificação da Amazônia, nem aos massacres como o da favela do Jacarezinho. Dirigem seu olhar, sobretudo, para o Senado, onde a CPI da covid-19 receberá pelo menos três testemunhas relevantes. Todas têm a ver, de uma forma ou de outra, com as decisões e ações produtoras de 430 mil cadáveres. À hora em que redijo este texto, pelo menos um deles já tinha obtido do Supremo Tribunal Federal a proteção constitucional que o ex-aliado feito juiz Sérgio Moro negou a quantos dependeram de seu despacho e sentença. Outra das testemunhas, do alto bordo do Ministério da Saúde também, solicitou igual proteção, sem que ainda se tenha a necessária manifestação do Poder Judiciário. Se o general-intendente Pazuello poderá silenciar para evitar a autoincriminação, o mesmo ainda não aconteceu em relação à Secretária do Ministério da Saúde. Outro depoente já não compõe a equipe sinistra da Presidência da República, cuja passagem o revelou um mastodonte em loja de cristais. Protegido, o ex-sinistro da Saúde não poderá, todavia, negar resposta a questões que não possam incrimina-lo. Nada impede, porém, ser indagado sobre fatos impossíveis de serem por ele ignorados. Eis o dilema que ele enfrentará, algumas vezes mais gravoso que o enfrentado por Hamlet. De Mayara, mais conhecida – e não sem cabal razão - por capitã cloroquina, poderá chegar o esclarecimento dos onze senadores e da população, muito das coisas que rolam à sombra do poder. Também em seu entorno e nas vísceras. O ex-chanceler Ernesto Araújo, cuja inteligência só pode ser comprovada se acrescida do sentimento de ódio e vocação assassina, despertará o interesses dos que desejam saber tudo, tim-tim-por-tim-tim, pois lhe caberá explicar as razões de provocar o país que mais produz vacinas no Mundo, além de fornecer matéria-prima para os demais produtores. Será, com certeza, uma semana quentíssima.