Minhas frustrações não me fizeram amargo, tampouco me colocaram em sofrimento com a vida. Gerou, sim, uma enorme angústia que serve de um equilíbrio freudiano, capaz de conter os impulsos do ID e frear a arrogância do meu superego. Mas minhas angústias também podem repousar no receio de liberdade sartreano, apesar de sempre ter feito minhas escolhas com profundo escrúpulo. No entanto, assumo que o medo foi responsável pela imposição de limites e por eu não ter alcançado o ar rarefeito das montanhas.
Não compartilho com Schopenhauer no seu pessimismo niilista, pois a vida sempre terá sentido pra mim. E trata-se de um sentido real, com pesos do sentimento, mas com a intrepidez de construir a felicidade coletiva. E se eu tivesse que entender a vida como tragédia seguiria o caminho de Nietzsche e escolheria a arte como catarse.
Na verdade, minhas angústias instauraram um diálogo mais profundo com a vida e não me fizeram mal. Delas superei muitas coisas e com elas compartilhei meu sofrimento. Nunca me deixaram sozinho na dialética da vida.
Seguimos assim, sem enveredar pela desesperança e fazendo dos problemas uma oportunidade de crescimento. Não tenho tempo para crise existencial. Meu tempo é o tempo do mundo, com suas contradições e veleidades. Só penso em poder mudar, sempre.
Se me angustio, não será para sofrer, mas para crescer. Meu ego é coletivo, e Freud que me perdoe.
Lúcio Carril
Sociólogo