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Silêncio reverencial

Todos andamos saudosos do general Augusto Heleno, o homem das informações. E, com elas, da segurança institucional. No caso concreto, Presidencial. O mesmo que imaginou todo o centrão correndo, se alguém gritasse na sala Pega o...! O fato é que, se grito houve, não terá sido outro: vem cá, meu louro! Também ninguém saiu correndo, a não ser o Presidente do PL, uma incorruptível figura com presença certa em autos e sentenças processadas no Supremo Tribunal Federal. Ou, ao contrário, outro Presidente, o da República, também impoluto cidadão, empenhado as 24 horas do dia em anular a ação investigatória da Polícia Federal, infiltrar seus fanáticos acompanhantes nos escalões do Judiciário e comprar novo mandato, a custo ainda por calcular. O silêncio do sinistro Chefe do Gabinete Institucional é por demais eloquente. Nem cai bem tê-lo visto, em foto recente dos que mandam, quase escondido atrás dos ombros do Presidente-em-Chefe. Menos que um papagaio de pirata, o auxiliar parecia uma curica envergonhada. Enquanto isso, caminhamos para registrar mais mortos pela covid-19, número há muito tempo distante dos 30.000 que o Presidente da República desejou ver eliminados no grande serviço prestado à democracia, como dito na nota em que os ex-camaradas teceram loas à ditadura. Não se diga que o Presidente não tem razão. Todos quantos por alguma razão estão nas penitenciárias, se pudessem, disputariam um mandato popular. A confusão entre imunidade e impunidade exige, como auto-defesa, a busca de um mandato. O silêncio, às vezes, opera mais resultados que o linguajar de baixo calão tão em voga nos gabinetes de Brasília. Mesmo que, não raro, supostos valentões esqueçam a virilidade e, depois de agredirem uns e outros, se submetem aos constrangimentos a que deram causa. Aqui, o deputado Daniel Silveira, arrependido, ainda que por maus motivos. Não se trata de defender o que outros, mais audaciosos, chamariam honra. Não, isso ele nunca disse! Talvez já atendeu a Sócrates e se conhece a si mesmo. Está preservando, isso sim, o próprio bolso. Pelo menos, o silêncio é mais sincero.

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