top of page

Sem ódio ou amargura

Atualizado: 8 de jan. de 2020



A peça produzida em cerâmica foi presente de uma religiosa, como eu tocada pelos sentimentos que moveram o cavaleiro da Mancha. Chama-se ela Giustina Zannato, atualmente morando em Moçambique. Foi para lá, entregue sua vida ao serviço religioso e humano aos pobres habitantes daquele país africano. Repetindo o que fizera antes em Manaus, dedicada por alguns anos às tarefas de que se ocupam as religiosas salesianas. Especialmente, na Casa Mamãe Margarida, onde dividiu com a Irmã Lúcia Barreto (prima de minha mulher, Graça) experiência de vida que só aos generosos e determinados é possível acumular. Deu-se que, em uma das viagens à Itália de seu nascimento, Giustina lembrou-se do amigo conquistado nestas quentes terras e da admiração que ele dedica - a ponto de tomá-lo como bússola - ao Quixote. Não foi difícil, portanto, ratificar a fraterna amizade com a generosidade do gesto. Comprou e enviou do exterior uma das raras imagens em que Alfonso Quijano, feito cavaleiro, não ostenta o cenho cerrado, o olhar furibundo, a disposição para o combate. Ao contrário, Dom Quixote tem os olhos postos no firmamento, como se na tentativa de encontrar dentre as estrelas aquela por cujo amor lutava - Aldonza ou Dulcineia del Toboso. Os que a virem observarão, se marcados pela mesma expectativa da personagem, que até a espada aparenta um violino (ou seu arco, se o sentimento não é tanto), pronto a ser tocado. Quem não se toca diante de imagem semelhante?

20 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page