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Ser pessoa

Foto do escritor: Professor SeráficoProfessor Seráfico

Pessoa e persona não são a mesma coisa. Se ao primeiro Carl Rogers associou o processo de humanização dos bípedes humanos, o teatro da Antiguidade emprestou papel relevante à segunda. Naquele tempo usavam-se máscaras para apresentar as personagens de um drama; afinal com ou sem máscaras, os sentimentos e crenças dos homens seriam capazes de esconder o que por dentro os consumia. Nos tempos em que a verdade é o que menos importa, pouco provável que as máscaras percam sua utilidade. Menos, ainda, se elas podem livrar a sociedade humana de males que a muitos aproveitam. Assim, ao sobrenome de um dos mestres da Poesia se vê associado o talento de um(a) Pessoa, cuja criatividade desdobrava-se em outras. Há, porém, almas tão pequenas quanto as que o pai de Alberto Caeiro e Álvaro Campos denunciava. Perto deles, como no campo gramado de Átila, não medra uma só semente lançada ao acaso ou em terra adrede cultivada. O máximo que se pode tirar da mentira é sua danosa criatividade, despreocupados os seus formuladores e divulgadores em obter ganhos de cuja extensão e montante pouco se pode avaliar. Nenhuma régua tem servido para tal medição. Ainda agora, o (des)governo declara e propala extinta a covid-19. Como dizem alguns, tenta matar a pandemia com um decreto ou boletim noticioso, enquanto os riscos permanecem atordoando boa parte das populações, aqui e alhures. À frente dos microfones e câmeras de televisão, personas nefastas, desempenhando o triste papel que a Tânatos é atribuído. Mas também se pode falar de pessoas, elas mesmas vítimas de outras personas, no passado incumbidas das tarefas impostas por Tânatos, completadas por Caronte e asseguradas por Cérberos de robustas mandíbulas. O sinistro da doença levou à sala dos brasileiros o decreto de extinção do vírus, cuja efetividade, se é menor que a ação humana que mata indígenas, quilombolas e outros segmentos populacionais, nem por isso deixou de existir. Embora constitua um fato, não o é o acontecimento duvidoso que o (des)governo festeja. Veja-se, porém, que do ponto de vista instalado no poder, há fato existido e registrado que exige resposta ao gosto dos que mandam. Toda a sociedade brasileira tomou conhecimento de verdades escondidas, como por cem anos permanecerão algumas outras verdades cuja divulgação está proibida. A volta à Vida das pessoas mortas pela ditadura e a reação e resistência de muitos dos que hoje têm seus camaradas postos a serviço da causa dos que mataram – e pretendem continuar matando – e esconderam o malfeito, é impossível. Multiplicar o número dos sacrificados pelas nefastas ações oficiais que acolitaram a covid-19, no entanto, é possível. Daí estarem sendo os brasileiros ofendidos com as novas mentiras. O teatro montado coloca em cena mascarados por dentro e por fora. Os adversários do uso de proteções contra o vírus são os mesmos que, portando máscara durante toda a vida, tentam apagar o que os registros históricos contêm. Tornar-se pessoa não é muito fácil. Fazerem-se mascarados, personas, porém, tem boa cotação no mercado onde se compra e vende de tudo. Inclusive almas. Embora esta seja artigo cada dia mais carente nas hostes de Caronte.

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