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Sem estouro

A boiada vai passando, sem que a população se dê conta. Talvez alguns ainda retenham na memória o obsceno espetáculo mostrado dia 22 de abril do ano passado, cujo cenário foi um dos salões do Palácio do Planalto. Ao palavreado inadequado mesmo nos lupanares, só poderiam corresponder sentimentos e propósitos que aos poucos vão se esclarecendo. Ali, viu-se e ouviu-se apenas o que poderíamos considerar anúncio. Os fatos depois se encarregaram de pôr tudo às claras. A tal ponto, que o Superintendente da Polícia Federal no Amazonas se sente forçado a protestar. Por ele, a cerca de arame farpado será elevada, de modo a não permitir o estouro fácil da boiada. O que não impede, todavia, de tocar à frente o rebanho, aquele que se imagina elencado dentre os animais superiores - e todos os outros. É isso o que nos diz o programado leilão do aeroporto Eduardo Gomes e de outros, País a dentro. Conquistada a porção bípede do rebanho, pouco a pouco vai o Estado brasileiro desfazendo-se da riqueza construída com o suor de todos, a morte de muitos às vezes. As vacas gordas em primeiro lugar, porque as magras continuarão a alimentar-se dos impostos pagos pelos que o fazem, sendo certo estarem entre os beneficiários dos leilões os que geralmente fogem a essa obrigação. Os próprios aeroportos agora postos na bacia das almas, não faz muito tempo, receberam imenso e intenso fluxo de recursos públicos, para se tornar atraentes à especulação privada. A Petrobrás tem sido outro filé posto à mesa, enquanto o Banco do Brasil e os Correios conseguem adiar sua agonia. Para amealhar míseros bilhões, que sequer se sabe se bastam para pagar o bacalhau e o vinho servidos na mesa dos empoderados. Ou apodrecidos?

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