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Rememória

Ao princípio de cada ano sempre valerá a pena fazer um balanço dos fatos e atos ocorridos no ano anterior. Pelo que tenha de duro tal exercício sob o peso de mais de 615 mil sepulturas, a lembrança pode servir de advertência. Para prevenir a repetição do que, indesejado, nem assim nos poupou do sofrimento. Se fosse pequeno meu interesse por outros aspectos que reputo os mais importantes, certamente eu reduziria este comentário a números. Estes, no meu entendimento, são apenas a tela onde o pintor deixa registrados seus sentimentos e impressões. Os traços provocados pelos pincéis, quantos sejam eles, trazem consigo a realidade vista pelo pintor. Agora, por exemplo, há os que cantam glórias e festejam a aprovação do chamado Auxílio Brasil. Essa forma degradada do Bolsa-Família entregará a reduzida parcela da população menos que o valor pago no exercício de 2021. Este, a memória ajuda a entender, maior que a intenção inicial do (des)governo. A proposta era destinar a parcela maior de beneficiários que a atual, R$ 200,00. A oposição contrapropôs R$ 500,00. Como desde 1 de janeiro de 2019 estamos em campanha eleitoral, a austeridade (alteridade) fiscal do (des)governo fixou em R$ 600 a ajuda emergencial. Dezenas de milhões de família foram beneficiadas, até dezembro. Para logo em seguida ser expressivamente reduzido o número delas, tanto quanto diminuído o valor a lhes ser pago. Isso tudo, quando a inflação persiste, os que ganham com ela insistem, o governo inexiste e é pequena a parcela dos que resistem. Viver deixa de ser prioridade, porque é imposta a sobrevida. Enquanto os (des)governantes e os que os sustentam têm vida fácil. Dinheiro nos cofres públicos, pelo que se vê e sabe (despreze-se o que não se sabe), não falta. Pelo menos, não deixa escassear bons vinhos, frutos do mar, boa picanha no prato dos escolhidos. Nem à diversão infamante dos (in)dignatários, em terra, mar e ar. Lembrar jamais fará mal.

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