Nas últimas décadas, dentre as mudanças observadas, uma diz respeito às fontes de recrutamento dos políticos. Antes, ia-se busca-los nos sindicatos e nas escolas. E nas famílias de políticos antecessores. Seguiu-se a inclusão de cabos eleitorais, servidores de políticos em exercício de mandato e lideranças comunitárias. Sem que os parentes e aderentes dos políticos saíssem da lista. Agora, mantida essa circunstância mais
as outras que se foram agregando, surgiu nova fonte - os conselheiros tutelares. Antecedidos, não se esqueça, de militares. Em especial os que viram vantagens em postular o enfraquecimento da democracia fora da caserna. Em outras palavras, aproveitando-se de sua vítima e pelo que ela oferece em termos de argumento, falso que seja, para convencer os incautos. Geralmente esses, em detrimento dos que defendem o regime democrático e são avessos a qualquer forma de autoritarismo. É o que se tem visto em muitas cidades brasileiras, ainda que faltem números relacionados ao tamanho da colheita. Ignoro a existência de algum levantamento ou pesquisa revelador da proporção em que os conselheiros tutelares se têm valido dessa condição, na busca de um mandato legislativo. Menos, ainda, quantos têm êxito e quantos têm perspectivas de renovar seus mandatos. Neste caso, superando a dificuldade de encontrar lugar no mercado de trabalho, tão escassos de conhecimentos, bons sentimentos e discernimento. Porque o mandato popular, conquistado graças à falta de oportunidade de grande massa de eleitores, é pouco exigente. Não se pode descartar a hipótese de que muitos desses conselheiros transformados primeiro em vereadores, depois em deputados federais e - sabe-se lá quando e onde, em parlamentares federais. Também a respeito disso se sabe muito pouco, se não quase nada. Ao menos por curiosidade, seria desejável promoverem-se estudos relacionados à presença de ex-conselheiros tutelares e sua trajetória na vida política nacional. Mesmo correndo o risco de recolher respostas falsas.
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