Reitero observação feita em vezes anteriores. Tomar-se como sandice tudo quanto sai da boca do Presidente da República é assegurar-lhe a inimputabilidade pelas dezenas de crimes que ele vem perpetrando, desde muito antes de instalar-se no Planalto do Palácio. Não foram poucas as oportunidades em que adverti sobre os riscos desse comportamento equivocado e leniente, como não o são as reincidências dele nos mais diversos dispositivos penais. Só o fato de o Tribunal Penal Internacional entreter-se agora com denúncias promovidas contra o Chefe do Poder Executivo brasileiro bastaria para impedir tanta leniência, à beira da cumplicidade. Alguns dos crimes têm caráter continuado, tamanha a persistência intencional revelada pelo Presidente. Agora mesmo, quando a Câmara dos Deputados prepara a sucessão do hesitante e dúbio Rodrigo Maia, exacerba-se a vocação desviada da Lei, tão ao gosto do que a ostenta. Empenhado em articular as forças que o apoiam e obter maior subserviência ainda do Congresso, o denunciado ao Tribunal de Haia junta o que há de mais nocivo ao País, reunindo diversas siglas de fantasia sob a égide protetora do Centrão, na tentativa de derrotar candidatura articulada pelo opositor de fancaria ainda Presidente da Câmara. A aliança que unia Maia ao Presidente, sob os interesses e as ordens do grande capital, só superficialmente foi rompida. A pauta de ambos é a mesma, sendo diferentes apenas os apetites pessoais. Tanto, que as dezenas de proposta de submeter o Presidente ao processo de impeachment permanecem engavetadas. Diante da invasão do Capitólio por hordas estimuladas e convocadas pelo quase-ex-Presidente dos Estados Unidos da América do Norte, a maior autoridade da república brasileira recalcitra e reforça o juízo que faz dele a maioria da população, descontados – óbvio – os que ele ajudou a sepultar, desde fevereiro de 2020. Não tivesse se não tardiamente reconhecido o novo Presidente eleito dos Estados Unidos, seu colega brasileiro continua a pôr em questão a lisura das eleições norte-americanas. Até este momento (tarde de 07 de janeiro de 2021), é dos poucos governantes silentes quanto aos acontecimentos da tarde anterior, no que os irmãos do Norte têm como símbolo da democracia, a sede do Congresso daquele país. Pior, porém, a afirmação – única e exclusiva – relativa ao lamentável fato. Será assim no Brasil, se for mantido o voto eletrônico nas eleições presidenciais de 2022. É o que ele diz. Não precisa sequer saber ler nas entrelinhas, para adivinhar o significado das palavras do fanfarrão. A experiência impede qualquer outra interpretação, clara como têm sido a hostilidade à democracia e o ódio revelado a cada palavra ou decisão daquela autoridade. No caso brasileiro, no entanto, ainda há saída preventiva. Basta ser incluída na pauta da Câmara, por via do acordo com partidos de (suposta) oposição, a tramitação imediata de um dos muitos pedidos de impeachment do Presidente. Poderíamos com isso ser poupados de invasão semelhante às cúpulas de Brasília, onde a subserviência, os interesses espúrios e o ódio ao povo têm tido guarida. Até vidas humanas, como o Capitólio o demonstra, poderiam ser poupadas, a despeito de a quantos isso desagradaria.
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