Posso estar enganado, mas sempre que ouço ou leio algo sobre a manutenção da ZFM, vejo o pauperismo do clima em que as discussões se processam. Nem levo mais em conta o esporte a que se dedicaram as lideranças locais, durante os últimos 55 anos. Tal esporte que entreteve cada dia maior número de praticantes consiste em simples e unicamente propor a reiterada prorrogação dos incentivos fiscais. Mesmo quando uma rara voz portadora de limitada ousadia tentava sugerir algo diferente, não o fazia de forma convincente. Tanto, que raramente conseguiu converter algum que fosse dos seus correligionários. No entanto, desde o início dos anos 1970 houve profissionais reivindicando atenção para a crise em que se envolveria a ZFM, quando o modelo se esgotasse. Num certo sentido, CBA e FUCAPI surgiram ambos com a promessa de gerir, estimular e defender a diversificaçào da produção industrial em Manaus. Era tamanha a importância atribuída a essas duas noiniciativas e o papel que elas desempenhariam na economia regional, que as lideranças empresariais tinham lugar importante nos órgãos dirigentes de ambas. Essa circunstâbcia, porém, parece nunca ter sido levada na devida conta. Não fosse assim, o CBA já teria avançado seu propósito original. A potencialidade do manancial de recursos naturais da Amazônia já se teria transformado em realidade. A FUCAPI, uma promessa muito mais ampla, não passa hoje de mais um dos muitos negócios educacionais, como tantos em funcionento na capital amazonense. Mais uma vez a sobrevivência da ZFM mobiliza as mesmas forças políticas e empresariais, em especial os que fizeram fortuna graças à renúncia fiscal, sem que isso reduzisse a pobreza no Estado. A despeito de a capital ser dos seis maiores dentre os PIBs municipais do Brasil. As discussões, todavia, repisam velhos slogans e insistem em ignorar quanto o Mundo difere daquele em que nasceu a ZFM. Não se lê nem ouve sobre a probabilidade de compensar eventual perda de arrecadação pela criação de um fundo federal ou a concessão de outras vantagens, especialmente voltadas a premiar os que concorressem para o aproveitamento de recursos florestais, pesqueiros etc. de que a região é exuberante manancial. Sem esquecer a absorção massiva de mão de obra, acompanhada de substancial alteração na distribuição da riqueza gerada na região. Nada disso está no radar das lideranças. Como se a pobreza a que está condenada a maioria da população devesse estar atrelada â pobreza do repertório dos salvadores da Pátria.
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