Pense numa instituição de saúde que atende quase 150 pessoas a cada hora. A mesma que em um ano recebe para consulta quase 2.000 pessoas todo mês. Também realiza cirurgia em mais de 400 pacientes em cada trinta dias. E que formou nos últimos 45 anos cerca de 5.000 alunos de graduação e pós-graduação. Esta instituição existe e tem sede no Brasil. Mantendo-se substancialmente com dinheiro público, oriundo principalmente dos cofres estaduais e do SUS, com aporte minoritário de doadores e convênios, o Instituto do Coração desfruta da 24ª posição, no ranque mundial de sua categoria. Sediado em São Paulo, o INCOR tem sua trajetória marcada por nomes dos mais respeitados na Medicina nacional, dentre os quais os cardiologistas Euryclides Zerbini, Adib Jatene, Luís Décourt e Roberto Kalil Filho. Vinculado à Faculdade de Medicina da USP, o Instituto do Coração tem superado crises financeiras a que nem sempre estão sensíveis as próprias autoridades públicas. No entanto, sua sigla se inscreve na memória dos brasileiros de todas as regiões, pelo tanto que o grupo profissional (3.700 servidores, atualmente, dos quais 520 médicos) se tem esforçado por oferecer aos pacientes que chegam lá. Por mais que avance a tentativa de transformar a saúde em não mais que a oportunidade de fazer riqueza material de grupos empresariais, o exemplo do INCOR extrapola o simples reconhecimento da capacidade técnica e é tica dos que fazem nos seus consultórios, enfermarias, laboratórios e serviços de apoio o seu dedicado cotidiano. E preciso que, além desse reconhecimento constatável com facilidade, esteja presente na mente e na vontade dos dirigentes públicos e privados e da população em geral, o potencial que os serviços públicos de saúde brasileiros têm de melhorar os padrões sanitários do País. Se não basta mostrar esse exemplo, nem interessa a muitos dos brasileiros postados na alta hierarquia da Saúde avaliar o desempenho do SUS em relação à pandemia, seria o caso de desistir de qualquer iniciativa que venha a resolver os graves problemas om que se há a maioria da população. Felizmente, as tentativas de desmoralizar o SUS e desqualificar os que preferem dar atenção à Ciência que ao charlatanismo oficializado esvaziam-se diante do avanço da vacinação contra a covid, processo em que os serviços de saúde vinculados ao SUS evidenciaram. Agora, a divulgação das informações sobre o INCOR, uma instituição pública respeitada internacionalmente, pode ser a pá de cal que sepultará de vez a intenção criminosa dos que buscam desmantelar a administração pública, em proveito dos que desejam ser donos do Estado brasileiro.
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