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Outra vez

A reunião convocada pelo Presidente Joe Bidden traz muitas lições, antes mesmo de sua instalação oficial. Há o registro de contradições que aumentam o grau de desconfiança do governo norte-americano em escala mundial, tanto quanto a previsão da pífia presença do Presidente da República brasileiro no evento. O Presidente norte-americano busca firmar imagem de líder de uma parte das nações do Mundo, para tanto promovendo reunião internacional a seu gosto e com seus temperos. Não sendo um destemperado, nem um intempestivo, como seu antecessor, Bidden pensa ser fácil levar no bico os governantes dos países pobres do continente em que até pouco tempo a Casa Branca reinava imperial. A exclusão de Cuba, Venezuela e Nicarágua dos convidados se fez sob o pretexto de que são países governados por ditadores. As tentativas até agora frustradas em sucessivos governos desses países, para encaminhar as decisões internas pelos interesses da população respectiva, não do império, não lhe agradam. Agradam-no, sim, os afagos da Arábia Saudita, um dos maiores aliados do governo norte-americano, não obstante ser tido como nação subordinada a uma feroz ditadura. A democracia tão alardeada e supostamente defendida por Bidden tem limites, sempre que esses sejam necessários para o loteamento dos interesses do que Eisenhower chamou complexo industrial-militar. Por isso, remanescem conflitos armados em muitos países, Mundo afora. À indústria de armas não interessa apenas estimular e alimentar os assassinatos em massa nas cidades norte-americanas. Há todo um vasto Mundo em que as armas podem cumprir sua missão, com os lucros sempre cuidadosamente planejados. Do ponto de vista do Brasil, da presença do Presidente ninguém espera seja ao menos uma trégua em relação à conduta conhecida e carimbada. Os maus modos abrangem desde aspectos protocolares até manifestações admissíveis apenas em reuniões escolares, e não nas escolas que se destacam e revelam percepção adequada dos fenômenos a que se relacionam. Falta de educação e ostensiva incapacidade para demonstrar alguma compreensão do papel de um Presidente é o mínimo que se pode esperar. Talvez com Donald Trump, e nem tanto, a recepção ao Presidente brasileiro fosse menos constrangedora. Mesmo se, ainda quando lambuzado pela gosma da subserviência, o homem de negócios norte-americano então no poder dispensou pouca atenção ao seu comparsa desta porção americana. Indispensável comparar, ao menos, certo pudor dos governantes dos Estados Unidos da América do Norte em relação ao nosso atual chefe do Poder Executivo, no que toca o tratamento dispensado à mais alta corte de Justiça. Lá, mesmo designando juízes comprometidos com os valores e propostas ideológicas do mandão, ocorre de se entenderem os ministros da Suprema Corte como servidores da Justiça, não do governante de plantão.

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