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Os vira-casacas

Foto do escritor: Professor SeráficoProfessor Seráfico

Os vira-casacas

A via que de terceira não tem nada começa a pôr-se à mostra. O ingresso do ex-juiz federal no Podemos, depois do estágio de treinamento em patriotismo feito na metrópole, marca o ato inaugural da carreira política do ex-Ministro da Justiça. A repercussão do ato estampada nos media corresponde ao interesse de parte da elite brasileira em fazer dele seu candidato. Responsável pela eleição do atual Presidente da República, caberá a Sérgio Moro enfrentar o opositor de quem foi algoz, ninguém menos que Luís Inácio Lula da Silva. Se as tramoias que costumam cercar as eleições não chegarem à eliminação do ex-Presidente e do atual, na disputa presidencial de 2022. Ainda não descartei hipótese que há alguns meses me chegou à mente: a exclusão de Lula e do quase-Presidente em exercício, para facilitar a chegada ao poder de alguém na aparência diferente de ambos, mas na verdade inspirado em valores e pretensões dos dois, cada qual a seu modo. Do atual Presidente, Moro tem as ideias que professa e o descaso pelas instituições democráticas. De presumível magistrado ele não conseguiu ir além de justiceiro. Bem de acordo com a máxima bandido bom é bandido morto. Assemelha-se a Lula no que diz respeito à pretensão de ser o salvador da pátria. Nem se dá conta, o ex-Presidente da República de Curitiba, de que a ele mesmo falta o carisma esbanjado pelo outro. Esta, porém, parece questão desprezível, tanto o entusiasmo dos que o veem como incorruptível, não obstante a frustrada tentativa de administrar trocados expressos em milhões de dólares, com seu sócio Deltan Dalagnoll. Nem lhe pareceu algo ilícito proceder da forma que levou à anulação os atos praticados para pavimentar a eleição do seu ex-ídolo. Naquela jogada, acabou desautorizado pelos que pretendia ver como iguais. Agora, reúne em torno de si alguns decepcionados com o atual Presidente da República, ainda sem condições de justificarem – o presidenciável e os outros desertores da guerra inglória – por motivos ainda pouco identificados. Afinal, os vira-casacas têm sempre alguma máscara que, não os protegendo da covid-19, dão a impressão de prestarem-se a esconder suas parcas qualidades humanas. Disse o poeta que é caminhando que se faz o caminho. Nem sempre, porém, as vias abertas conseguem fechar as veias abertas de que jorra sempre muito sangue – por causa de um vírus ou dos que a ele se aliaram.

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