Oportunismo
- Professor Seráfico

- 8 de mai. de 2022
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O oportunismo não é vício recente em nossa política. À maioria dos que não têm credenciais suficientes para assegurar êxito nas eleições, sempre ele será bem-vindo. Tais postulantes, destituidos de virtudes, tentam compensar sua índole e predicados engajando-se em alguma ação ou campanha que lhes dê alguma probabilidade de morder o que consideram seu naco de poder. Ora se filiam ao partido majoritário, ora se vendem à minoria, pela ânsia a que esta sempre se entrega, tamanho o desejo de chegar ao poder. O poder, assim, exerce influência na conduta dos agentes políticos, empobrecendo a vida social e comprometendo qualquer propósito antes apresentado como meritório. A chamada terceira via talvez seja, nos dias infaustos que correm, o exemplo mais cabal dessa distorção, por ela mesma e sozinha capaz de comprometer o menor avanço e aprofundamento da democracia. Ao final, é esta que afunda, no charco dos que não têm mais que espírito de porco. A porcaria posta em todas as instâncias ditas republicanas e em todos os lugares onde se reúnem e tramam os inimigos da liberdade. Por sua vez, este pilar do pensamento revolucionário da França de 1789 transforma-se em slogan vazio de sentido, bandeira sob a qual se acobertam os piores sentimentos e propósitos. A rigor, incidem em grave equívoco os que veem gente como João Doria, Sérgio Moro, Simone Tebet, como nomes capazes de oferecer algo diferente do que foi trazido pelo atual Presidente da República, não menos nem mais que seu líder inconteste. À sombra dele e a adesão a tudo quanto o Presidente representa ligam-se todos - e mais alguns outros dos presuntivos candidatos -, não a políticas públicas diferentes e a reivindicações que só ao povo trabalhador interessa. Poderia ser dito deles todos provirem do mesmo saco, como se diz da farinha. Não é o caso, porém, porque o tamanho dos grãos, da grossura, portanto, é diferente. Só isso. Em nenhum dos que se autproclamam representar o centro político - como se isso houvesse - se percebe a mínima intenção de compromisso com a redução das desigualdades. De nenhuma dessas direções tem vindo alguma iniciativa diferente das que eles sempre defenderam, fosse qual fosse a posição ocupada e a atividade política em que se tenham envolvido. De todos, porém, pode-se dizer terem apoiado o golpe dado contra Dilma Rousseff e o empenho em trazer o País às miseráveis condições - internas e externas - em que se encontra. Passamos de uma nação respeitada e prestigiada por outros Estados nacionais, a um Estado excluído do cenário em que se discute o futuro do Planeta. Internamente, mesmo deixando de lado os quase 700.000 mortos pela covid-19, com a inegável contribuição governamental, há muito mais a incluir na coluna do deve - a volta da inflação, e com que vigor! A queda nos índices de vacinação de crianças e adultos. A devolução de milhões de brasileiros ao estado de miséria aparentemente superado. O crescimento da dívida das famílias. O culto e o estímulo ao armamento da população, com o aumento do índice de violência e o crescimento dos assassinatos em todo o território nacional. A atuação desembraçada das milicias e a tolerância com a letalidade das ações policiais. Haveria muito mais a dizer, mas isso parece bastar para a identificação dos agentes da mentira e dedicados oportunistas, que, pretendendo ampliar o elenco de maldades que transformam a nação em pária internacional e sua população em sua permanente vítima, não se envergonham de expor seu oportunismo malsão.


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