top of page

Ontem e hoje

O maldito cenário em que se monta a tragédia política brasileira, se serve à exposição de novos protagonistas, também faz deles instrumentos de outros patrões. Daí a impressão de vermos reprises de peças que estamos cansados de assistir. Alguns, levados à véspera do vômito, enquanto outros babam e aplaudem com entusiasmo. Assim são os seres ditos, nem sempre com justiça e precisão, humanos. Os brasileiros assistem, faz poucos meses, a uma tragédia posta em cena em outras temporadas. Antes, a delinquência referia-se à cumplicidade entre agentes públicos e privados para saquear os cofres da Petrobrás. A muitos não interessou avaliar o papel dos agentes privados beneficiários dos ilícitos por ventura ocorridos, muito menos ainda suas origens históricas. Não se dê aos agentes públicos envolvidos, a despeito de o Poder Judiciário o ter feito, uma declaração de inocência. As ofensas ao devido processo legal e as agressões ao Estado Democrático de Direito cometidas por Moro, Dalagnoll et caterva levaram à anulação de todos os seus atos, ainda que deva ser cobrada a responsabilidade dos imputados. Passa ao largo, todavia, o rol de empresas e empresários acumpliciados, quase todos de alguma forma associados às atrocidades cometidas pela ditadura. Serviçais dela, algumas geradas no ventre putrefato do autoritarismo, fácil foi servir a outros patrões. Para isso servem os cofres públicos. Nesse aspecto particular, há passagens comuns aos enredos da peça atual e da outra. A diferença, que pode não ser a única, está no tipo de organização assumido pela rede de corrupção montada agora, de que avulta um tipo de negócio dotado de alta originalidade, tanto quanto assustadora criatividade. Refiro-me à empresa de prateleira. Nada mais, nada menos que organizações aptas a todo tipo de negócio sujo, mantidas no banco de reservas, à espera do momento de delinquir. Não foi qualquer dos senadores da CPI da covid-19, nem a triarquia que a comanda quem o disse. A interessante, oportuna e assustadora revelação consta do depoimento de um tal Roberto Pereira Ramos Júnior. Ele, Diretor-Presidente de um banco que não o é. Mais fantasia, impossível encontrar, em meio à cruel e nojenta realidade.

3 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

França e franceses

Mais uma vez vem da França o anúncio de novos avanços na História. Esta quinta-feira marca momento importante daquela sociedade, há mais de dois séculos sacudida pelo lema liberté, fraternité, egalité

Uso indevido

Muito do que se conhece dos povos mais antigos é devido à tradição oral e a outras formas de registro da realidade de então. Avulta nesse acúmulo e transmissão de conhecimentos a obra de escritores, f

Terei razão - ou não

Imagino-me general reformado, cuja atividade principal é ler os jornalões, quando não estou frente à televisão, clicando nervosamente o teclado do controle remoto. Entre uma espiada mais demorada e ou

bottom of page