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O time do Neymar

Ouço e vejo analistas das mais diversas especialidades dando palpites sobre o que quer que seja. Alguns, louvados na recomendação de Goebells. A repetição do mantra pode fazer da água, vinho; do desvario, sensatez; do desejo, realidade. A mais recente dessas manifestações, a aposta em que o grande pecado do atual governo é a inexistência de um time, o tal espírito de equipe, a que se referem os técnicos de futebol. O exemplo agora invocado diz respeito ao recuo de Fernando Haddad, em relação ao IOF. Anunciada antes que a autoridade competente o fizesse, o aumento do percentual desse imposto chegou ao conhecimento público pela via oficial, quando todos os espíritos (até os de porco, que os suínos me perdoem) já estavam armados. Impossível imaginar, portanto, que a matéria navegaria em águas tranquilas, céu de brigadeiro ou rodovias sem buracos. Ideal a que todos se dizem afeitos, sem darem a menor prova desse apego. Ignoram-se ou se esquecem variáveis importantes, sobretudo pelo que elas têm de hostis aos propósitos e interesses em jogo. A primeira delas, no caso de que aqui se trata, a situação de refém do Congresso, à qual se ajusta o Poder Executivo. Consequência disso, é reduzidíssimo o espaço de manobra em que operam os agentes do Executivo. Do Ministro ao ascensorista. Não escapam dessa circunstância os elevadores em que trafegam os interesses, processos, ideias e pretensões, até o gabinete principal. Proposital ou acidentalmente, é desprezado o fato de que a maior parte do Poder Legislativo está longe de identificar os interesses coletivos como o móvel principal de sua ação política. Fazer do refém o cumpridor de seus maus desígnios, portanto, é o que interessa. Que o digam o controle de polpudo percentual do orçamento público e as emendas secretas. Para ficar nesses dois escabrosos e vergonhosos exemplos. Como esperar a vigência de um espírito de time, diante dessa colcha de retalhos e rebotalhos? É o mesmo que esperar de endeusados jogadores, também maus cidadãos, que se esforcem pela felicidade e abastança de terceiros. Ou pelo desempenho de seus parceiros na disputa. Incapazes de olhar para além dos seus próprios umbigos, o curioso é que encontrem quem, de forma submissa (orgulhosamente submissa, não seria exagero dizer), os aplaudam e atendam com invulgar servilidade.

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