O que tinha de ser
- Professor Seráfico
- 30 de out. de 2022
- 2 min de leitura
A incapacidade de observação, quando não o interesse que não pode ser esclarecido, deforma os fatos e compromete qualquer análise isenta e honesta. Os episódios vergonhosos da Lava Jato terminaram dando em nada, exatamente pelos interesses mesquinhos e audaciosos que inspiraram a criminosa operação. Da súcia organizada para desencadeá-la e levá-la aos resultados que o Poder Judiciário recusou, não por culpa dos denunciados originais. Piores que eles são os outros, cujo respeito ao ordenamento jurídico é nenhum. Tanto, que, desprezando o que se chama devido processo legal, afrontaram a Constituição Federal e se auto-outorgaram poderes que mesmo Torquemada teria recusado. Depois, entre vai-e-véns frequentes nas organizações criminosas, os detratores da Constituição e do Estado Democrático de Direito reúnem-se sem o menor pudor, para nova tentativa de satisfazer apetites, sanhas e taras que os têm animado. Quando ocorre de verem posto em risco seu maligno projeto, não titubeiam. Tentam a todo custo transformar a realidade, mesmo se isso importa negar a presença e a confraternização com notórios delinquentes, sequer lembrados de que fotografias ainda não captam imagens inexistentes. Pelo menos, até onde vai nosso conhecimento. A mentira, assim, passa a ser o último (antes fosse) refúgio, ainda mais quando ela é facilitada pelo próprio avanço da tecnologia. É esse o cenário com que convivemos neste domingo 30 de outubro de 2022, quando os eleitores brasileiros escolherão o novo Presidente da República. Cenário pintado em clima de jamais experimentado terror, alimentado pelos que recusam a manifestação da vontade popular, porque sempre empenhados em destruir o que a sociedade tem construído à custa de seu trabalho e seu empenho por relações sociais menos selvagens. A incapacidade de apreender a realidade, mencionada nas primeiras linhas deste texto, revela toda a sua extensão se lembrarmos a trajetória dos promotores do clima de terror hoje instaurado. Democraticamente, o único meio de enfrentar os riscos do processo histórico regressivo é votar contra os interessados no uso da força como forma da resolução de conflitos, de resto uma constante nas sociedades mais avançadas. Ceder aos caprichos e vontades dos fanáticos e belicosos é renunciar à própria condição humana que nos faz diferentes dos outros animais. Aqueles que chamamos inferiores.
O desespero, sabe-se, jamais dá bons conselhos.
댓글