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O sarrafo

Na próxima quinta-feira, deixa a Presidência do STF a ministra Rosa Weber. Talvez seja precipitada qualquer previsão a respeito das diferenças entre a conduta do ministro Luiz Roberto Barroso e a de sua antecessora. Esta foi, de longe, a mais discreta de quantos tenham passado pela cúpula do Supremo, nas últimas décadas. Por temperamento, por perfeita percepção dos seus deveres, ou por ambos, Rosa Weber fez enorme e inesquecível diferença. Esta, um dos mais importantes itens do legado que ela deixa. Reservando-se o direito de falar nos autos e dizer apenas em atos oficiais ligados ao exercício da missão institucional de que estava investida, a magistrada gaúcha recolhe-se à vida privada sob o aplauso generalizado da sociedade e o respeito e a estima de seus colegas e de todas as autoridades públicas e políticos brasileiros. O sentido ético e a compreensão política de sua conduta levaram-na a desempenhar função crucial, nos episódios cujo clímax foi o ato terrorista de 8 de janeiro. Da parte da Presidente do Poder Judiciário, nunca houve um gesto ou arroubo temerário, uma palavra que fugisse à grandeza das funções por ela desempenhadas. Sua presença, já na mesma noite da agressão bárbara à Casa mais alta da Justiça brasileira, ao lado dos Presidentes da República, do Senado e da Câmara, há de ser destacada. Convidada pelo Chefe do Poder Executivo, Rosa Weber mostrou que ao poder por ela presidido não cabe negar participação e opinião. Único dos poderes cuja manifestação exige provocação de qualquer do povo ou, no geral, de terceiro (titular de direito), o Judiciário sob sua batuta arrostou incompreensões e ataques. Nem por isso, Rosa Weber em algum momento cedeu à notoriedade dos pequenos ou se deixou levar por cabotinismo e vaidade malsãos. Por isso, muito se há de exigir de seu sucessor, Luís Roberto Barroso. A fita do sarrafo foi posta mais alto.

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