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O que nos espera

Pelo que se anuncia, enfrentaremos a partir do primeiro dia de 2023 período dos mais difíceis de nossa História. Aos dramáticos efeitos da pandemia e às consequências para a qual concorreu o (des)governo em vias de finar-se, é quase certa a probabilidade de os brasileiros testemunharmos a insana e agressiva tentativa de inviabilizar qualquer iniciativa do novo governo. Nunca como antes na História deste país o cidadão Luis Inácio Lula da Silva terá que demonstrar sua habilidade política e sua vocação para o entendimento. Ao lado do irrecusável interesse de reescrever sua biografia. Sempre neguei a Lula o adjetivo esquerdista. Nunca abandonei a impressão de que, líder operário treinado nos Estados Unidos da América do Norte e forjado no bolsão mais próximo do capitalismo à brasileira, ele merecesse o que dele dizem os adversários mais ferrenhos. Admito e louvo sua habilidade, de que a mesa reunida dia 19 de setembro é o exemplo mais cabal. Como sempre, deixando à mostra, além da constituição de uma frente que alguns acharão ampla demais, o preço a ser pago. Meirelles não estaria ali, tivéssemos dúvida sobre a revogação do teto de gastos. Do dinheiro público, em relação às necessidades coletivas. Banqueiros não se desacostumam de hábitos alimentados por décadas, sem me dá aquela palha. Esta, porém, talvez nem seja a mais grave dificuldade que o governo Lula enfrentará. O que a Nova República não fez, e por não fazer gerou o caos a que fomos trazidos, o governo terá que fazer desde o primeiro dia. A diferença, então, energia transparente, sem segredo orçamentário e sem decretos que impõem sigilo cobrindo as inconstitucionalidade, as ilegalidades as imoralidades tão caras às ditaduras. Pequeno grupo, mas poderoso, não se lembrará mais das falcatruas e corrupção alegadas contra Lula. A rigor, incapazes de comparação diante das praticadas pelo segredo oficializado e patrocinados pelos que deixam o Planalto e seus arredores e suas margens. A diferença, entre um – o (des)governo que sai – e o outro, o que se instalará em 1 de janeiro de 2023, consistiria, sobretudo, na esperança que mais uma vez terá derrotado o medo. Pena que sem contar com pelo menos duas centenas de milhares de brasileiros que a covid-19 levou, sob o patrocínio da necropolítica tão ao gosto dos atuais desgovernantes. O que será cobrado de Lula, curada a ressaca da champanhe ou da cachaça que o raiar de um novo ano e a inauguração de nova fase da História nacional justificam, é o resgate de conquistas, tímidas já se sabe. Há milhões de famintos e desempregados; há milhões de famílias dormindo ao relento; há órfãos de quase 700 mil mortos pela covid-19 e seus adjutores; há milhões de crianças por vacinar contra doenças de que nos pensávamos livres; há invasores de territórios indígenas e quilombos destruindo a natureza e os grupos humanos lá instalados; há fábricas fechadas, no processo de desindustrialização acelerada. A mesa do dia 19 de setembro pode não dizer tudo, mas diz muita coisa. Uma delas, a que desmente o esquerdismo imputado a Lula. A outra, a força – ainda bem! – da esperança, a vitória da Vida sobre a morte. Enfim, o destino dos que fazem do ódio a grande inspiração de suas paupérrimas existências. Getúlio Vargas, em 1954, disparou uma bala no próprio coração. Jânio Quadros, sem coragem e sem revólver, renunciou. Fernando Collor de Mello, cujo olhar não permite alimentar boas esperanças, sofreu o impeachment; Michel Temer teve que se desfazer de abotoadeiras, mal saído do gabinete mais importante do Planalto; Dilma Rousseff, derrubada também por um impeachment de que seu vice foi importante protagonista, hoje vê desmentido tudo o que contra ela foi dito. Lula, sempre acolhido pelo povo, certamente não perderá a oportunidade de escolher a porta pela qual entrará na História. Discernimento, experiência e sofrimento não lhe faltam. Basta não se deixar melar e embevecer-se mais uma vez pelos bons vinhos que a banca sabe pôr na mesa dos que mandam.

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