Defensor do financiamento público exclusivo dos partidos e das eleições, nem por isso deixa de incomodar-me a excepcional multiplicação das despesas exigidas pela democracia. Sem tocar no que importa - favorecer a rotatividade do poder, e a exclusão de qualquer centavo privado (?) -, suas excelências beneficiárias criam mais um fator de desigualdade política e se auto-atribuem o controle sobre montanha de verbas que custam o suor, sobretudo dos que trabalham. O simbolismo do Fundo, então, zomba das exigências do processo democrático e alimenta, aprofundando, as relações promíscuas e nojentas entre a representação popular e os grupos da elite que a inspiram, na atividade, legislativa tanto quanto na executiva. Se não aprendermos agora, quando o número de mortos pela covid-19 aproxima-se das 600 mil, quando será que aprenderemos? Quando todos tivermos chegados à mesma profundidade a que foram levadas as vítimas da pandemia?
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