top of page

O extermínio pós-modermo

Adolescente amante do cinema, assisti a muitos dos filmes que Holywood produziu. Boa parte deles, para louvar o êxito da sociedade norte-americana. Não se pergunte em que se sustentava esse êxito, porque os fatos de que se construiu são lamentáveis, não louváveis. Ainda tenho guardadas na memória as cenas em que o bonitão Jeff Chandler cumpria à risca o roteiro. Daquele filme diante do qual calado e atento eu me punha, afinal transformado - o filme, não o ingênuo espectador que então eu era - em roteiro da história de um território onde seria realizado o sonho humano de quantos o procurassem. O american dream. Os que lá chegaram no Mayflower, seus descendentes e os que vieram de toda parte depois, traziam outros sonhos. Menos que isso, também outras ambições. Diferentes, tanto quanto os fundadores e ádvenas, os sonhos também o eram. Se o roteiro que coube a Holywood produzir e a Jeff Chandler protagonizar, tentava mostrar a excelência e os altos e dignos valores atribuídos à nova sociedade, os Apaches, Sioux, Cherokees, Apalaches, Iowa não tinham como concordar. Digam-no os números a que foi reduzida a população original, quando os puritanos ainda não haviam descido pelo cordame do Mayflower. Na Amazônia (no Brasil, é mais preciso dizer) de 2023, em cidades também abertas e acolhedoras, ve-se quanto prosperou o exemplo que o ator norte-americano protagonizou. Primeiro, na prática do extermínio sem diligência ou xerife, sempre com a violência. Os Waimiri-atroari dizem- no melhor. Depois deles, outros povos amazônicos pre-colombianos. Brasil adentro, não tem sido difetente. Sofisticaram-se os métodos, tanto quanto amealharam-se fortunas, sempre levadas para longe daqui. É mais seguro. Nosso pós-modernismo trouxe com ele o garimpo mecanizado, a devastação das florestas e o fogo, que queima sobretudo esperanças. E coloca em risco a vida de milhares de pessoas, tarefa de que nem os fornos de Hitler seriam capazes. É a morte chegando pouco a pouco, para cada dia número maior de habitantes, em ação pan-exterminadora observada pelos olhos, o nariz e os pulmões, até o dia em que terá sido cumprida a (má) sina dos nossos Jeff Chandler sem nenhuma beleza.

Posts recentes

Ver tudo
Substituição

Quanto mais se chama qualquer negociante de empreendedor, menos se dedicam os porta-vozes e adoradores do mercado em realmente...

 
 
 
Passos firmes...sem tornozeleira

Nossos mais velhos costumavam dizer que de onde menos se espera, daí há de vir alguma coisa surpreendente. Ou decepcionante, dependendo...

 
 
 
Logo ele!

A decisão do empresário Donald Trump, mais que qualquer coisa, afirma simplesmente e de forma inequívoca, a revogação de qualquer norma...

 
 
 

Comments


bottom of page