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O cão e seu rabo

Vejo o que os entendidos em Economia chamam círculo (ciclo, para os outros) vicioso, na experiência e no palavrório que tenta explicá-la. Mesmo admitindo a complexidade dos problemas que afetam as relações entre seres nada simples, muitas vezes a complexidade alegada se vê agravada pelos interesses que a contaminam. Os alunos do primeiro semestre dos cursos de Economia sabem quais os fatores de produção e como funciona o sistema econômico. Toscamente embora, podemos afirmar que sem consumidores de nada valeria mobilizar os fatores de produção, tanto quanto sem renda que possa ser gasta na aquisição dos bens e serviços produzidos e oferecidos, não faria sentido produzir. Consumidores e investidores, portanto, são os termos da equação. um existe para justificar o outro, e vice-versa. Dada esta primeira premissa, é preciso lembrar a exigência imposta pelas relações entre os que produzem (e os que os financiam), relativa ao instrumento mediador, o dinheiro. Qualquer que seja o meio de pagamento, a transferência do dinheiro de um para o outro termo da equação depende do poder aquisitivo de quem consome. Tantas são as repercussões desse fato na Economia, que é preciso superar a análise (?) estreita, intelectual e politicamente desonesta, a que se entrega e se limita expressivo número de supostos especialistas. Discute-se a autonomia - ou, na verdade, soberania? - do Banco Central, sem que questões correlatas sejam igualmente apreciadas. Os números da taxa de juros parecem absorver todas as preocupações, mesmo se é registrado crescente e angustiante endividamento da população. Por si só, este já é indicativo da má saúde do sistema econômico. Quase ninguém diz que o individamento é devido, primeiro, ao fato do salário miserável pago ao trabalhador. Em contraposição ao enriquecimento ascendente do patronato. Depois, a necessidade dos endividados os torna reféns das taxas bancárias que os fazem apertar cada dia mais o próprio cinto. Qual o destino do dinheiro, se não o setor rentista? Também é curioso observar que quanto mais dinheiro eles retêm, mais crescem os juros. Aí, uma contradição à sagrada lei do mercado. Grande a oferta, mais è cobrado pelo dinheiro que endivida as famílias. Alguém acaba de lembrar: a autonomia do BC, tão furiosamente defendida em relação ao Poder Executivo, não o impede de ser refém do setor financeiro.


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