top of page

Nossos números, nossa tragédia

O desempenho do Sistema Único de Saúde – SUS tenta tornar menor a tragédia desencadeada pela pandemia, e logo abraçada como objetivo de governo. Nem por isso cessou a campanha contra o serviço público brasileiro, de que é parte o Sistema de Saúde. Ao longo desses últimos 20 meses, muitos dos detratores já terçaram armas, outros fizeram autocrítica, o que não quer dizer terem todos se rendido à realidade. Do lado de fora do SUS, repetem-se as ameaças contra toda a administração pública, tanto quanto avançou a captura de seus órgãos por parte da elite, especialmente os agentes econômicos. Nesse particular, bastaria lembrar das tentativas de desmoralizar o SUS, pretendendo adquirir vacinas à revelia e, mesmo, em absoluto confronto ao pífio combate oficial à pandemia. Mesmo sem ser fenômeno novo, a captura do Estado pelo setor privado e seus aliados de dentro da máquina oficial, pode ser medida em números, sem a pretensão de esgotar o assunto. Apenas a de indicar alguns resultados que só os cegos por preferência e os fanáticos não conseguem enxergar. Há no País, hoje, 125 milhões de pessoas distantes da segurança alimentar; 27 milhões de pessoas vivem em estado de miséria, em geral encurralados em locais onde fica fácil reduzi-los numericamente, pois armas não faltam para fazê-lo. Às vezes, instrumentos comprados com o dinheiro do contribuinte. Do trabalho, as perdas chegam a 15 milhões de desempregados e são 35 milhões os biscateiros ou postos à margem, informalizados, como o eufemismo permite denominar. Os mortos pela covid-19 aproximam-se dos 600 mil, e não se diga que se trata de fenômeno natural. Natural é o coronavírus que chegou a nós; a ação ou a omissão dos que nos governam fizeram da pandemia um serviço posto a favor de sua causa. É nesse contexto que tramita a PEC 32/2020, nada menos que ataque direto à administração pública, jamais tão próxima do tiro de misericórdia planejado.

4 visualizações1 comentário

Posts recentes

Ver tudo

França e franceses

Mais uma vez vem da França o anúncio de novos avanços na História. Esta quinta-feira marca momento importante daquela sociedade, há mais de dois séculos sacudida pelo lema liberté, fraternité, egalité

Uso indevido

Muito do que se conhece dos povos mais antigos é devido à tradição oral e a outras formas de registro da realidade de então. Avulta nesse acúmulo e transmissão de conhecimentos a obra de escritores, f

Terei razão - ou não

Imagino-me general reformado, cuja atividade principal é ler os jornalões, quando não estou frente à televisão, clicando nervosamente o teclado do controle remoto. Entre uma espiada mais demorada e ou

bottom of page