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Nosso amanhã, como ontem e sempre

Têm razão os analistas que afirmam perder força a aposta no impeachment do Presidente da República. Os números da votação que impediu a aprovação do voto em papel dizem mais do que aparentam. Se não foram alcançados os 308 votos necessários, também se revela cristalina a impossibilidade de alcançar os votos necessários ao impedimento, sejam quantos forem os projetos que dormem sob as almofadas em que está sentado o Presidente da Câmara dos Deputados. Revigora-se a estratégia defendida pelos que pretendem manter o Presidente, com a esperança de que ele experimente processo de sangria e definhamento, até as eleições de 2022. Enquanto isso, como já se vem dizendo, o Congresso dá curso à liquidação do patrimônio público e ao agravamento da situação miserável a que foi levada a população trabalhadora. O Estado, pedaço a pedaço, mas sempre com celeridade, vai sendo desmontado, como anunciou o ex-sinistro Ricardo Salles, no lamentável espetáculo de 22 de abril de 2020. De lá para cá, mudaram apenas alguns nomes na equipe presidencial, mantendo-se os objetivos que animam os atuais governantes. Como num bolero, as partes dançam dois passos pra lá, dois pra cá. A banda toca a mesma música e os dançarinos bailam sem sair do lugar. O único movimento tem a direção das elites, despreocupadas do destino dos mais pobres, tão escasso é o tempo para enriquecer à custa do sofrimento do povo. Por isso, não haverá impeachment. Por isso, tudo mudará para ficar como sempre esteve. O que ontem era considerado pedalada fiscal deixa de sê-lo. O que antes se chamava corrupção é rebatizado. As ações condenáveis do antes chamado centrão tornam-se atos meritórios. É o Brasil posto de ponta-cabeça, como diriam os sulistas. Desenhar o futuro, porém, não permite alimentar ou construir hipóteses positivas, pelo menos se colocamos em pauta razões de ordem democrática e republicana. O único resultado previsível indica grande probabilidade de empatar o caminho dos dois mais previsíveis candidatos à Presidência, um pretendendo ficar no posto; outro, voltar ao cenário e à cadeira principal do Planalto. Aí, Luís Inácio Lula da Silva restaria debaixo da espada de Dâmocles que ainda lhe roça o pescoço. O atual Presidente poderia sair antes do tempo regulamentar, cabendo à Justiça Eleitoral mostrar o cartão vermelho. Então, estaria aberta a disputa pelo lugar, a que desde logo ou até antes, se candidatam Ciro Gomes e Tasso Jereissatti. Outros nomes podem surgir, dentre eles Guilherme Boulos, Eduardo Leite e sabe-se lá mais quem. Tudo feito do jeito que as elites – e o diabo - gostam. Não estaremos diante de qualquer novidade, pois o enredo é sempre o mesmo e a serviço já se sabe de quem.

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