Obra de acrobacia semântica, o suposto esquerdismo de Lula e do PT tem servido a todo tipo de interesse. Também torna mais complexo - tão kafkiano que è - o trabalho de compreensão e análise de nossas práticas políticas. Quase sempre, muito distantes da Política. Um exemplo bastaria, para tirar da obscuridade, frequentemente planejada, em que se esconde a essência das coisas. Neste caso, chamamos à coisa centrão. Aquele grupo de políticos ora alinhados com golpistas de toda ordem, ora subservientes a governantes que, antes e depois, por eles foram ou serão chamados de esquerdistas. A esse grupo informe,
sensaboroso, inodoro, aético e amoral se juntam os governistas - doa a quem doer, faça chuva ou faça sol - por vocação, destino ou praga rogada. Tanto se lhes dá a coloração ou a posição no espectro político assumida pelo(s) governo(s), a amplitude da escala de cores é percorrida com avidez, pressa e apetites sempre satisfeitos. Para isso eles pensam ter sido feitos. Hoje, pela preeminência alcançada, Ciro Nogueira é o modelo. Alguns chamam a isso pragmatismo; outros, oportunismo. Sem faltar os que veem neles aproveitadores vis da ingenuidade, da boa fé e - por que não o dizer? - das más intenções dos eleitores. Em síntese: se esses eleitores reincidirem ainda mais uma vez, o brejo continuará a ser o nosso destino.