top of page

Nem raposa, nem galinheiro – o ovo

Talvez não haja outro País em que a democracia seja desejada pela maioria da população, desde que o poder de mando seja assegurado a quem fala. Essa parece a máxima subjacente ao propósito de bom número de parlamentares, desejosos de anular o incontestável avanço do Ministério Público. Prestigiada pela Constituição chamada cidadã, a instituição vê agora ameaçado o importante papel de representante dos interesses coletivos e defensora dos direitos difusos, aqueles comuns a cada um e a todos os detentores de cidadania. A rigor, pretensão não destoante do cenário geral, em que a república, a democracia, o direito, a moralidade e tudo o mais que a acompanha enfrentam permanente assédio. Disse-se, até recentemente, terem sido entregues à raposa os galinheiros identificados na estrutura da administração (ex)pública brasileira. Exemplo magno e recente dessa teratologia burocrática e política, a permanência de Paulo Guedes no Ministério da Economia ainda não pode ser considerada o topo desse maligno processo, também deletéria pretensão. Neste caso, os beneficiários da imoralidade são a própria autoridade fazendária, o gestor das políticas financeiras e monetárias e pequeno grupo de investidores, cuja presença na máquina oficial do Brasil está por ser quantificada. A motivação sobre a qual se sustenta o ataque ao Ministério Público envolve boa parte dos próprios parlamentares, fragilizados se o MP desempenhar seus deveres com a necessária autonomia que a Constituição-cidadã assegurou. Falar de raposa e do galinheiro, portanto, é olhar para o passado. Não apenas quanto à regressão que vimos experimentando se vincula a tentativa de Arthur Lira e sua turma. Eles estão de olho, realmente, nos ovos ainda não postos, mas esperados. Veem o futuro e sabem o que podem esperar dele. De leis, por dever de ofício, eles entendem. Tanto quanto das consequências das ações que as agridem. Inclusive as da área penal.

Posts recentes

Ver tudo
O ponto

O governo resolveu eliminar ou reduzir os impostos sobre uma lista de insumos e produtos alimentícios. Tudo, para forçar a baixa nos...

 
 
 
França e franceses

Mais uma vez vem da França o anúncio de novos avanços na História. Esta quinta-feira marca momento importante daquela sociedade, há mais...

 
 
 

1 commentaire


swolffgeo
18 oct. 2021

Meu bom professor, as instituições vêm sendo desestruturadas e desvirtuadas pela ação dos seus gestores, que cumprem o papel que lhes é atribuído pelas elites, não pela Constituição.

Embora a presença de valorosos representantes nessas várias instituições, a enxurrada de privilégios e benesses pecuniárias acabam por acomodar os seus protagonistas e, enfim, o conflito de interesses parece que já não existe, com a sobrevivência do interesse pessoal e o silenciamento do bem comum.

Como se já não bastassem tantos penduricalhos financeiros, eis que o Judiciário tem na venda das férias dos meritíssimos mais um escândalo. O orçamento dessa gente não é submetido aos representantes do povo e parece não precisar de justificativas da proveniência dos recursos, aparentemente ilimitados.

J'aime
bottom of page