Há figuras na vida pública brasileira, que de tão patéticas tomam-se de um ridículo que, longe de fazê-los ridículos, fazem-nos nauseabundos. Dentre esses, o mais destacado depois da memorável cerimônia do último dia 8 de janeiro de 2024 certamente é o jornalista Merdal Pereira. Suas posições pouco afeitas à convivência democrática são conhecidas, e isso não é fato recente. O ódio que o atual Presidente da Academia Brasileira de Letras (a quanto chegamos!) tem por Lula e os que o seguem não pode ser escondido, por mais que ele se pretenda um democrata. Quem acompanha sua medíocre participação no programa Studio i constata essa conduta errática, denotadora sobretudo de ignorância a respeito dos assuntos ali tratados. Não é só isso, porém, que revela a conduta asquerosa do jornalista. Sua adesão às ideias divulgadas nas fake-news transparece a cada intervenção dele no programa de televisão. Não ir mais longe, nem tornar mais verossímil o que ele afirma, decorre menos de eventual capacidade de recuo que da covardia geralmente orientadora da conduta dos hesitantes. Como se o serviço a dois senhores pudesse prolongar-se adperpetuum. Ainda ontem, o ridículo compareceu ao Studio i, lá repetindo o que constitui regra geral em sua conduta profissional. Finge não saber, hipótese gravíssima se for veraz, que os procedimentos judiciais têm regras próprias, em toda a estrutura do Judiciário. Uma dessas regras estabelece o juízo natural, em que se arrima a atribuição do julgamento de crimes conexos. Pereira reclama, não obstante, de que os nomeados pelo ex-capitão para o STF deveriam julgar delinquentes envolvidos no terrorismo de 8 de janeiro de 2023. E, com a maior desfaçatez e a ousadia malsã característica do equilibrismo de tom moral conhecido, deseja que seu arbítrio - se for apenas isso - revogue dispositivos constitucionais, legais e regulamentares. Fingindo não saber da gravidade dos crimes cometidos pelos arquitetos, financiadores, executores da intentona terrorista contra os poderes republicanos, e seus seguidores, a pobre figura pretende mais: que o ministro Alexandre Moraes delegue a algum colega autoridade e prerrogativas que a Lei coloca sob sua jurisdição. O jornalista seria muito mais honesto, se hesitasse menos, sem o malabarismo que incomoda até seus colegas de programa. Pelo menos, ganharia algum respeito dos profissionais que se fazem respeitar.
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