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Na escola da Vida

Começaram semana passada, em Portugal, as atividades comemorativas do centenário de José Saramago. O mais brilhante escritor em língua portuguesa do século XX vem sendo homenageado em diversas formas de arte. Há desde artigos de jornal e periódicos especializados, até peças de teatro e balé e exposições nos mais diversos espaços culturais do País. Em jornal lusitano leio excelente texto de Manuel Rebelo de Sousa, que logo descubro meu irmão, pela admiração mantida em comum pelo autor de A caverna e tantos outros livros do mago de Azinhaga. Rebelo de Sousa destaca a oficina de Saramago, exposição sediada na Biblioteca Nacional de Portugal, o que o escritor chama o universo de Saramago. Lá estão as matérias e materiais - como o diz Rebelo de Sousa - constitutivos da análise, do interesse e da inspiração que alimentaram a vida intelectual do único usuário da última flor do Lácio contemplado com um Nobel de Literatura. Também mereceu minha atenta leitura o comentário sobre a obra Manual de Pintura e Caligrafia que, a despeito do insuspeitável título, é outro dos romances do mesmo autor de Ensaio sobre a cegueira, Ensaio sobre a Lucidez, A viagem do elefante, Visita a Portugal e Intermitências da morte. No Manual, que já ponho na lista das próximas caminhadas d'olhos sobre o papel impresso, penso que encontrarei o que Rebelo de Sousa insinua - um manual de leitura do mundo em que vivemos. Prevejo encontrar nas páginas a especialíssima pintura, com todas as cores que Saramago soube bulir com seus pincéis, em tão lúcida e agradável caligrafia, o Mundo e o mundo, o lugar que estava posto quando todos chegamos e que vamos ajudando - ora a construir, mais logo atarefados com sua destruição. Talvez assim, guiado por Tolstoi, um dia consiga eu mesmo descrever minha província. Por enquanto, seguirei Manuel Rebelo de Sousa.

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