Bate-papo que o youtube transmitiu na última terça-feira envolveu dois profissionais de que eu nunca ouvira falar. O professor Bruno Zampier e Frederico Neder trataram da chamada reforma administrativa, correspondente à PEC 32/2020, ora em tramitação no Congresso Nacional. O primeiro viu na PEC a manifestação de um – assim ele chamou – liberalismo frouxo, de que o outro discordou. Segundo ele, de liberalismo, nada há na pseudo-reforma. Ambos, porém, convergem quando se trata de identificar os fundamentos e razões da tentativa de mais que reduzir o tamanho do Estado, anular sua presença na vida dos brasileiros. Também há convergência quanto à rejeição da condição a que os falsos liberais relegaram os servidores públicos – demônios a serem exorcizados. Há concordância dos dois, em relação à necessidade de uma real e efetiva reforma da administração pública. Esta, a mim também parece indiscutível, por sua necessidade e oportunidade. Posta, porém, a serviço de interesses e objetivos que dizem respeito às carências de todos os brasileiros, não à voracidade de uma pequena parcela, já instalada por representantes ostensivos ou agentes ocultos, em todos os poderes e em todos os níveis da hierarquia oficial. Há muito venho afirmando a inconveniência e a desonestidade de reduzir o tamanho do Estado, a priori. Sem que se promova ampla, profunda e sistemática avaliação da estrutura, do funcionamento e dos valores e objetivos subjacentes, não se estará falando de reforma que valha o nome. Se não sabemos qual o grau de carência das populações às quais a máquina pública presta serviços, nem as causas da ineficiência e ineficácia dos órgãos que o concretizam, como intervir? Quem nos dirá que alguns órgãos precisam ampliar seus quadros funcionais e, em geral, melhorar os estímulos ao bom desempenho pessoal e organizacional, ao invés de miniaturizá-los? Já nem falo da imoralidade consistente em transferir para a gestão privada empresas públicas exitosas, o que significa renunciar ao lucro por elas anualmente obtido. Antes, havia o pretexto de que seriam transferidos os elefantes brancos, aquelas fontes apenas de despesas, deficitárias ano-pós-ano. As coisas agora acontecem com a grosseria própria dos que não têm argumentos, nem compromissos com a sociedade. Os bolsos falam mais alto.
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