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Menos dois

Se era má a imagem do Brasil no exterior, melhor certamente não terá ficado, depois do desaparecimento de um jornalista britânico e um indigenista brasileiro. Ambos percorriam território amazônico onde se concentram diversos povos, razão suficiente para serem alvo de ameaças como as que têm sido lançadas na direção de quantos repudiem a mentira e divirjam da nefasta ação do governo federal. Qualquer que tenha sido a razão do desaparecimento de Dom Phillips e Bruno Araújo Pereira, quaisquer que tenham sido os agentes da agressão por eles sofridas, não podem as autoridades do Poder Executivo fugir às suas responsabilidades. O servidor licenciado da FUNAI não foi afastado de suas funções por desejo próprio, se não pelos constrangimentos que lhe foram impostos pelos dirigentes do órgão, diante de sua orientação profissional e ética distante das políticas que o Poder Executivo coloca em prática. Também não terá faltado aos que executaram a operação que tornou desaparecidas as duas vítimas o estímulo dos que mandam no País. Ambos incomodaram os que advogam a invasão das terras indígenas e a exploração de minerais nesses territórios, o bastante para juntar ao estímulo a esses atos lesivos dos direitos das populações indígenas, o desejo de vê-los afastados do problema. A opinião pública internacional, que já nos considera um ponto perdido e desgovernado no mapa-múndi, só terá mais razões para dificultar a vida dos brasileiros. Muitos dos quais, é bom que se diga, alimentam a vã ilusão de que seu dia não chegará. Assim tem sido em todas as nações onde preconceitos, caprichos e responsabilidades públicas são traduzidas pela estupidez, a ignorância e a tirania. Os dois, quanto quer que dure seu desaparecimento, podem multiplicar-se nos que emergerão da treva imposta e incomodarão ainda mais os responsáveis diretos e indiretos do crime cometido contra a sociedade e o povo, mais que a Dom Phillips e Bruno Araújo Pereira.

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