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Mau ou bom sinal?

Foto do escritor: Professor SeráficoProfessor Seráfico

Por duas vezes o Tripresidente reuniu-se com todos os governadores dos Estados e do Distrito Federal. Na primeira vez, ainda estavam quentes os atos terroristas que tentavam dar o golpe projetado e anunciado desde 2019. Governantes tradicionalmente adversários de Lula e aliados antigos e recentes dele parecem ter entendido os riscos de o País voltar ao inferno, mesmo se alguns ainda não haviam nascido em 1964. Bons e maus motivos todos tinham para rejeitar a preferência pela imposição de governadores e Presidente da República à revelia do processo eleitoral. Dentre os bons motivos, realça a opção pela forma do Estado Democrático de Direito, objeto da intolerância dos que optam pela solução de força. Outra razão diz respeito à ameaça de cada um deles perder o mandato, se o voto popular - que os guindou ao poder - for revogado. É isso que as ditaduras, como a pretendida pelo golpe frustrado logo acham jeito de efetivar. De qualquer maneira, as reações internas e internacionais asseguraram a permanência da democracia, em horizonte de tempo que não se tem condições exatas de quanto durará. Isso parece ter sido perfeitamente compreendido pelos governadores, de que dão prova manifestações de diversos deles, mesmo se sabidamente alinhados com o ex-capitão que se intitula patriota e, mal enxotado do País pelas urnas, foi viver fora daqui. A mais clara manifestação pode ser atribuída ao governador de Mato Grosso, Ronaldo Caiado, como se viu e ouviu em rede de televisão. As investigações policiais e judiciais, em que pese alto grau de cumplicidade que o golpe despertou em instâncias oficiais, mistura gente de toda espécie. Desde agentes públicos lotados em unidades de forças do Estado, até pessoas condenadas pela prática de variados crimes, hoje podem ser encontradas nos presídios da Papuda e Colmeia, em Brasília. Todos com a vida preservada, infensos à cadeira-do-dragão e ao pau-de-arara, tão louvados quanto seus operadores, e seguros de que não lhes será dado o destino (qual? - para muitos dos que ainda não se sabe sequer quando e por quem foram mortos?) experimentado por tantos brasileiros, nos 21 anos de ditadura. É certo que a velocidade com que corre o devido processo legal a que muitos respondem não é a mesma, dependendo da avaliação política mais que jurídica dos atos delinquentes. Membros da forças, segundo observado pelos analistas, têm-no menos célere que os dos outros terroristas. Em meio a isso tudo, os governadores voltaram a reunir-se com o Presidente. Finda a reunião, foi divulgada nova nota, na qual todos os presentes reafirmavam seu compromisso com a manutenção da democracia. Aparentemente, há uma reiteração desse compromisso, o que é desejável. Pode-se também admitir que a ameaça contra a democracia ainda persiste e preocupa os governadores, todos eleitos pelo voto popular. O pretexto dos terroristas tem sido a suposta insegurança das urnas eletrônicas. As mesmas onde foram depositados os votos que levaram governadores, deputados federais e estaduais e senadores aos postos dos Poderes Executivo e Legislativo. Se é só a defesa de causa própria, a democracia, então, passaria a ser o pretexto usado pelo outro lado.

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