Manobras antidemocráticas

O noticiário político reforça a impressão de não ter cessado nem arrefecido a intenção de afastar o ex-Presidente Luís Inácio Lula da Silva da corrida presidencial. A eleição de João Dória para representar o PSDB e o esforço de Sérgio Moro para tornar-se candidato da chamada terceira via acrescenta motivos de suspeição. Como no passado, o quadro deixa em aberto a possibilidade de afastar Lula, obrigando o Partido dos Trabalhadores a repetir o que ocorreu em 2018. Assim, surgiria um nome-tampão, qualquer que seja, sem a competitividade que o ex-operário traz consigo. Os números revelados de sucessivas consultas ao eleitorado, ao invés de persuadir os adversários e ser entendidos como a preferência da maioria por Lula, acirram o combate a ele, em que pese seu esforço por mostrar-se disposto mais uma vez a importante recuo. Não é outro o sentido da atual simpatia de Lula por Geraldo Alckmin. Dado por muito próximo, se não militante, da medieval Opus Dei, o ex-governador paulista rejeitado pelo PSDB seria uma espécie de José Alencar em versão diferente. Um equivalente à Carta aos Brasileiros. Antes, neste espaço mostrei o quadro que se vai desenhando, nele tendo lugar a configuração de acordos e acórdãos, em seu conjunto não mais que um acordão. Superlativo, no sentido de ser feito por cima, inclusive da democracia e da Constituição. Assim tem sido, e nada indica que será diferente. Encontrar no PT ou na esquerda quem consiga barrar nas urnas as maquinaçõrs espúrias parece algo distante. Tentar não custa, mas seria mais fácil se Lula tivesse permitido que algum companheiro surgisse como liderança capaz de sobrepor-se aos pronunciamientos e ao ódio dos conservadores. E Lula sabe que dentre os que militam no.PT há gente com essa condição.