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Maledicência não é Ciência

Há maledicentes que costumam afirmar serem os economistas profetas dos fatos consumados. Outros, em tom de claro bom-humor, afirmam que os profissionais da Economia são especialistas em prever o passado. Discordo de ambos, maledicentes e humoristas. Se compreendermos, porém, que os interesses mais primários e elementares costumam impregnar certo tipo de profissionais, deixaremos de atribuir à simples maledicência ou à incompetência os supostos erros por estes cometidos. Não é só na área da Economia que se observa essa intromissão. Quando é inequívoca a previsão de melhores resultados para a economia brasileira, as coisas se complicam. Não para os que têm a reponsabilidade de devolver o País a situação anteriormente desfrutada. Se não no nível exigido pela mínima noção de justiça social, pelo menos na comparação favorável entre períodos diversos. A má-vontade orientada pelos piores sentimentos e propósitos olhou de esguelha para a política econômica que Lula anunciou, ainda na fase de transição. Não foram poucos os pregadores do apocalipse, prevendo dias cada vez piores. O que eles chamam gastança (leia-se preocupação com os mais pobres) era alardeado com o trombetear apocalíptico de sempre. Pouco a pouco, enquanto Lula tratava de recuperar no exterior a imagem e o prestígio do País que os patriotários emporcalhavam, Fernando Haddad tratava de lançar pontes em direção a setores francamente hostis ao governo. Deu-se bem. A tal ponto, que, salvo minúcias a que o centrão só renunciaria se outra fosse sua índole, vão passando os projetos que prometem alterar o nível de desigualdade. Não na proporção e na velocidade que a sociedade exige, mas no que é possível fazer, considerada a composição atual do Congresso Nacional. Mesmo assim, e preparando o terreno para não ficar tão mal na foto, admitiram o crescimento do PIB, em percentual agora previsto em dose bem maior. Antes, raros os que chegavam à unidade. Agora, a previsão informada por Fernando Haddad (3%) chega a ser ultrapassada por outros profissionais e agências. Ou seja, quando a Ciência é posta a serviço de má causa tudo pode levar à bomba atômica. Sem que os criativos tenham, como Openheimmer, a noção de do que é a dignidade humana. Maledicência e humorismo à parte.

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