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Lembrar para não repetir


Os que nos dizemos democratas não podemos perder uma só oportunidade de disputar os espaços que só a democracia oferece. Quero dizer que as liberdades individuais, a rotatividade do poder, a proteção dos mais fracos, a busca pela redução e eliminação das desigualdades, o funcionamento permanentemente aperfeiçoado da república sempre serão a pauta mais importante e permanente da ação dos que acreditam na democracia. Se por ela pelejamos, não podem admitir trégua, sobretudo quando a ameaça contra a tenra planta, como dela dizia Otávio Mangabeira, é palpável. Por isso, soa-me exemplar a ser seguido a iniciativa de quase 20 instituições de educação, cultura e ciência e tecnologia, em promover o I Seminário Internacional 1964+60. Programado para o período 18 a 22 deste mês, na cidade do Rio de Janeiro, o evento promete lembrar os antecedentes, o ambiente e as consequências do golpe empresarial-militar que tirou o Presidente constitucionalmente eleito, João Belchior Marques Goulart do poder. Mesa-Redonda agendada para as 18:30 do dia 18 reunirá os expositores Rodrigo Patto Sá Motta (UFMG) e Daniel Aarão Reis (UFF), para expor sobre 1964 e ditadura: comportamentos sociais, cotidiano e historiografia. A mediação dessa primeira mesa-redonda caberá aos professores Tatyana Amaral (UFJF) Ricardo Mendes (UERJ). Nos dias subsequentes, as apresentações começarão sempre a partir das 10:00 (abertura oficial) e se estenderão até além das 20:30, para tratar de vários aspectos do tema. Assim, os participantes terão a oportunidade de informar-se e discutir sobre a política externa do regime militar; o ensino de História durante a ditadura; as conexões internacionais do golpe; os arquivos; os trabalhadores e os empresários na ditadura; as memórias; a literatura; história e jornalismo; favelas e direitos humanos; a questão agrária; as direitas, ontem e hoje; a justiça de transição; a transição democrática na América Latina; ditadura, cidades e periferia; carnaval e futebol na ditadura e na redemocratização; ditadura e povos originários; Reunindo nomes influentes da intelectualidade brasileira, o evento mostra-se tão oportuno quando necessário, em especial quando o mundo testemunha o genocídio e sua crueldade e experimenta as dificuldades de viver em meio à crescente e perversa desigualdade. Para isso servem as ditaduras. Estranho é a UFAM, de tão bravas lutas, parecer alheia a tudo isso.

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