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Foto do escritorProfessor Seráfico

Lá, diferente de cá

Ouço e leio críticas e comparações ligadas à eleição presidencial da Argentina, no próximo domingo. Disputam o segundo turno Javier Milei, autointitulado anarcocapitalista, e o peronista Sérgio Massa. Os analistas buscam identificar, ainda que parcialmente, semelhanças e diferenças entre os dois candidatos e entre as eleições de 2018 no Brasil e a argentina, dia 19 próximo. De início, a resposta oferecida pela Argentina aos crimes cometidos durante a ditadura e ao papel dos militares neles envolvidos é comparada à forma como fatos e agentes semelhantes foram tratados, no Brasil. A preocupação aí refere-se ao cenário em que atuam os postulantes ao maior posto do Executivo, lá e cá. O destaque, como regra, tem sido dado ao rigor com que foram tratados os torturadores e assassinos daquele país, enquanto a anistia aqui poupou-os do menor constrangimento. Lá, muitos dos agentes foram condenados. Aqui, fez-se tabula rasa entre vitimas de ações praticadas durante a guerrilha urbana e rural e pessoas presas pela repressão e mantidas sob custódia do Estado.. As madres de la Plaza de Maio cantam vitória, ainda que a considerem apenas parcial... Por isso, até hoje se mantêm ativas e reivindicativas. No Brasil, tudo parece ter-se desfeito, tanto que até a busca dos corpos desaparecidos foi interrompida. E, restaurada a comissão oficial que trata disso, seus trabalhos parecem avançar timidamente. Se é que têm avançado. Quanto aos candidatos e suas propostas e características pessoais, a semelhança entre o anarcocapitalista e seu colega de ideais(?), a diferença parece estar em que o de lá sabe das quatro operações fundamentais da Matemática... Nada além disso, verificada a identidade de propósitos, todos eles desvinculados dos valores que distinguem os animais da selva dos outros, que nos supomos superiores. Milei é uma espécie de Enéas Carneiro misturado com Boris Johnson, de que mesmo o Reino Unido parece ter esquecido.. Os jornalistas - sobretudo eles - querem saber como se comportarão o governo brasileiro e o da Argentina, caso esse clone seja eleito lá. Coube à candidata derrotada Bullrich dizê-lo:: seja quem for o eleito, as relações entre os dois países vizinhos não podem sofrer alteração. Bem dito. A não ser que nossos irmãos platinos desejem perder importância ou o nosso governo repita o caos que o antecedeu.

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