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Inspiração caymmiana*

Mercado Adolpho Lisboa

Matheus Seráfico


Meu olhar de peixe morto

não recreia pescador

Meu pé-quente na fisgada

é pé-frio no meu amor


O tambaqui, quando ‘garra,

dá cangapés de traíra

E quando a vara embodoca,

ela jamais se desvira


Meu olhar de peixe morto

não recreia pescador

Lá pros tempos de eu menino,

igarapé sem fedor


Tucunaré que encharuta

dá c’oas bocas no caniço

E quando a lua dá tchibum

é que a esperança deu nisso


Meu olhar de peixe morto

não recreia pescador

Palafita, se balança,

é que a cheia vem repor!


Pirarucu quando dá c'o olho

nas bananas sobre a canoa

Ou a pesca acaba em boquera

ou abastece o Adolpho Lisboa


Meu olhar de peixe morto

não recreia pescador,

Ai, cunhantã, minha mais nova,

foi Solimões quem a levou!

__________________________________

*À moda de Caymmi, o poeta escreveu letra que ainda pretende musicar.

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