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Impunidade exemplar

Impunidade exemplar

Frustrou-se a primeira tentativa de levar à CPI do Senado o Ministro da Defesa, general de Exército Walter Braga Netto. Coordenador do Gabinete de Crise criado para articular as ações do poder público de combate à covid-19, no momento mais dramático da pandemia, dele será solicitado testemunho importante sobre os fatos que colocaram o Brasil dentre as nações mais afetadas pelo novo coronavírus. Destaque-se o registro nesse período da transformação de Manaus na lamentável condição de epicentro do fenômeno mundial. Trata-se, portanto, de personagem importante e fundamental para a fixação de responsabilidades pela mortandade prestes a completar 600 mil mortes. Nada há de estranho, pelo menos para os que têm armas como instrumento de trabalho, a tragédia causada pela covid-19, mas não só a ela é seu agente etiológico. O que chama a atenção de qualquer cidadão preocupado com a Vida de seus irmãos, conterrâneos ou não, camaradas ou não, correligionários ou não, subordinados ou superiores, é a entrega de tão importante missão a um leigo quanto ao assunto objeto de tratamento pelo órgão coordenado pelo oficial superior das forças terrestres brasileiras. Ao que se sabe, as credenciais do general Braga Netto estariam na participação dele na chamada força de paz que atuou no Haiti, e a intervenção nas favelas do Rio de Janeiro. Em ambos os casos, o esforço, qualquer o volume de recursos neles empregados, não poderiam levar mais que à paz dos cemitérios. Não ficou mais fácil, nem mais tranquila a vida dos favelados, como não foi reduzida a violência com que há décadas convivem as comunidades. Quanto à ação das milícias, nada de bom se poderia esperar, em tempos de crescente prestígio de que elas gozam nos mais altos escalões da república. Não se tem visto se não, a pax romana – a paz feita à custa do morticínio premeditado. Aplicação anacrônica da sentença Latina si vis pax, para bellum.

Se a realidade haitiana em nada se alterou, se as milícias continuam a infernizar a vida dos favelados, não foram só as assim chamadas balas perdidas que mataram e continuam matando brasileiros. Outros quase 600 mil mortos não contaram para evitar o prêmio atribuído a um dos responsáveis pela morte por atacado. O general Pazzuelo, não tendo alemães para vingar o holocausto de seu povo, acabou sendo rebaixado para cima. Exemplos como esse deixam pouca esperança de que tão cedo será diferente.

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