Segundo-tenente da reserva do Exército, ingressei com menos de 18 anos completos no Centro de Preparação de Oficiais da Reserva - CPOR, da então Oitava Região Militar, em Belém. Como muitos outros jovens eu teria condições de omitir-me e não prestar o serviço militar. Não me faltavam, como não faltaram a outros, as relações familiares e de amizade que patrocinam essa fuga ao cumprimento do que eu pensava manifestação de acendrado sentimento de cidadania. Realizado o estágio de instrução e serviço, em 1963, no então 27° Batalhão de Caçadores, em Manaus, houve a tentativa de negar-me a entrega da patente a que tinha direito. Minha insistência resultou na entrega da patente a que eu fazia jus. Nem por isso, jamais vi o envolvimento de militares da ativa em atividades políticas como algo louvável ou mesmo, admissível. Também nunca me ocorreu que a presença de lideranças da caserna no golpe que derrubou Jango implicava as instituições. Eram apenas os desviados das missões castrenses institucionais os golpistas. Chego aos oitenta anos e me sinto constrangido a reconhecer o equívoco anterior, talvez produto de certa ingenuidade (ou desatenção), de que até os mais sábios poderão ser portadores. As cenas promovidas, estimuladas e, não raro, incitadas pelo comandante-em-chefe das forças armadas brasileiras revelam meu anterior erro de avaliação. Não foi outro o lugar para onde os agressores da Constituição e agentes de atos delinquentes, se dirigiram - a porta dos quartéis. A recepção e a hospitalidade não foi tudo quanto os criminosos receberam. Ao contrário, foi-lhes franqueada área identificada em placas de advertência como zona militar, onde os baderneiros instalaram seus acampamentos. No caso do CMA, até o ingresso das pessoas que trabalham no local passou a ser feito por outra entrada, que não o chamado portão das armas. Tudo para não incomodar os arruaceiros delinquentes. Diante disso, e do fato de serem as forças armadas parte do Estado e marcadas pelo caráter permanente, não há como manter a imagem que me levou a, menor ainda, incorporar-me ao serviço militar. Não será pequeno, nem dispensável, o esforço dos novos comandantes, se há o intuito de desfazer a impressão que seus mais recentes antecessores permitiram construir e manter.
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