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Há constantes

Por mais que se afirme a repetição dos fatos históricos apenas como farsa, há aspectos que não podem dar foros de exatidão a essa constatação. Há certas constantes no processo que leva à imposição de regimes autoritários, que não permitem generalizar ao extremo a afirmação. A farsa, então, consiste em vestir propósitos e projetos há muito acalentados e tentados, com nova roupagem. Os fundamentos e os objetivos, porém, mantêm-se os mesmos. Ainda agora, as autoridades judiciárias e policiais brasileiras desencadeiam ações passíveis de ilustrar o que agora se pondera. A organização de forças (ora paralelas, ora acumpliciadas) suficientes para subverter o Estado de Direito, onde quer que ele se instale, constitui uma constante. A incluir também mobilizações que buscam exatamente o contrário: superar regimes e governos autoritários. Os alvos dos ataques de uns e outros, todavia, diferem entre si. Aos autoritários, por exemplo, incomoda tudo quanto concorra para aprofundar o exercício político limpo e aproximar cada vez mais o interesse público dos objetivos buscados pelos governantes. O contrário ocorre diante de qualquer tentativa de consolidar democracias duramente conquistadas e instaladas, onde quer que isso ocorra. Às ditaduras desagradam a autonomia e a altaneria com que se comporta o Poder Judiciário. Daí o constrangimento amiúde tentado contra magistrados de todos os graus do aparelho de distribuição da Justiça. O mesmo acontece em relação aos formadores da opinião pública, sendo poupados apenas os que se tornam correias de transmissão da verdade unívoca pretendida pelos governantes. A diferença restringe-se aos meios utilizados, de que as redes (anti)sociais e as fake-news dão o melhor e mais atual exemplo. A educação e a cultura, de igual modo, têm ameaçados seus agentes, em geral os mais bem dotados intelectual, política e civicamente. Se dermos atenção aos alvos escolhidos pelos golpistas, inclusive os de 8 de janeiro de 2023 no Brasil, eles têm investido sempre contra os mesmos alvos. O que muda é a forma, ora mais ora menos desavergonhada e os instrumentos utilizados para seus fins malignos. O conluio em que se envolveram ABIN, Polícia Federal, Polícia Rodoviária e outras agências oficiais, desta vez teve seu centro instalado na vizinhança dos gabinetes mais importantes da República, quando agentes desta pretendiam desfazer o Estado Democrático de Direito. Promover a persecução legal cabível, respeitadas sempre as regras do devido processo legal e levar às últimas consequências (o que significa dizer, punição dos comprovadamente responsáveis, sem distinção de qualquer natureza) o que as investigações comprovarem, deve ser o compromisso e a reivindicação dos brasileiros de bem. Os de bens tratarão, óbvio, de outras coisas. Não estivessem muitos deles envolvidos até o fundo do tacho com os atos ora investigados...

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