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Guerra e politica

A guerra, têm dito alguns, é a extensão da política. Há os que dizem ser a política uma consequência da guerra. Os primeiros, certamente, dão ouvidos a Aristóteles e Platão. A Segunda Grande Guerra e a fase que a sucedeu parecem o fundamento da outra posição. Uns e outros podem ter razão. Do ponto de vista dos primeiros, creio confirmar-se suspeita que alimento faz tempo, sem ainda ter chegado a uma vigorosa conclusão. Terreno exclusivo da sociedade humana, a política é conduzida pela vontade, traço que entendo o mais marcante da diferença entre as espécies - os animais ditos inferiores, exclusivamente instintivos; os seres humanos, instintivos mas sobretudo voluntariosos. Nas democracias - se as há, de fato e completamente, essa vontade resulta do registro da maioria. Em geral, apegada às eleições periódicas e limpas. Se tratamos das ditaduras, a vontade predominante é a de algum grupo ou estamento social particular. Dispensam-se ou simulam-se eleições. Jamais limpas. Os que relacionam a política como variável dependente das guerras parecem apostar na força (variável determinante), não no argumento. Contra um canhão e o mal que ele pode causar, não há vontade que resista. Que o diga o mártir da Praça da Paz (!?) Celestial, na Pequim de 1983! Discutir sobre a diferença fundamental entre essas duas direções torna-se desnecessário, quando se esbarra na resistência dos que se dizem apolíticos. Eles próprios desafiam o caráter político que envolve o animal dito inteligente. Desmentem-no ainda mais, quando tentam passar por democratas, simultaneamente ao esforço desmedido com que usam a força e se negam sequer a refletir sobre os argumentos alheios. Não é à toa que buscam a todo custo estabelecer o caos, na esperança de impor-se à realidade. Por isso, criam uma realidade paralela, hostil aos fatos, além de avessa aos sentimentos e argumentos. Se houvesse unanimidade contra a guerra, os serem humanos utilizariam a inteligência, não as armas. E se mostrariam seres políticos, não homens armados.

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